Trabalho em bares e restaurantes está mais inclusivo, diverso e mostra a força dos pequenos negócios

Estudo inédito da Abrasel mostra que cresceu o número de microempreendedores no setor, com um mercado de trabalho onde mulheres têm papel cada vez mais predominante

No feriado do Dia do Trabalho, assim como nos finais de semana, milhões de brasileiros se esforçaram para servir, alimentar e divertir outros brasileiros. É a vida de quem empreende ou trabalha em um setor que tem estabelecimentos em todos os 5.568 municípios do país: o de bares e restaurantes. Levantamento inédito realizado pela Abrasel traz um retrato de inclusão social, de diversidade e de força do empreendedorismo na alimentação fora do lar. O estudo é baseado em dados da Receita Federal, IBGE, Ministério do Trabalho e outras fontes oficiais.

Com mais de 1,4 milhão de estabelecimentos no país, os bares e restaurantes foram atingidos em cheio pela pandemia. No entanto, na medida em que muitos fechavam as portas, outros encontraram no empreendedorismo no setor uma saída para sustentar a família. Em março de 2020, antes da pandemia, 50% dos CNPJs do setor eram de microempreendedores individuais (os chamados MEIs), cujo faturamento máximo anual é de R$ 81 mil. Esta participação saltou para 68% em 2023. Muito maior do que em outros setores, como o comércio (47%), indústria (63%) e agropecuária (apenas 6%). Além disso, hoje 95% dos bares e restaurantes do país se enquadram como microempresas, pelos critérios da Receita Federal, com faturamento de até R$ 360 mil anuais.

“O setor é muito resiliente, e representa o sonho e a sobrevivência de milhões de famílias no país. São pais e mães que tocam seus negócios com a ajuda dos filhos, nas favelas e periferias do país, enfrentando dificuldades como inflação, endividamento, impostos. E que ainda assim criam empregos e fazem girar a roda da agricultura, da indústria e de diversos outros setores que têm nos bares e restaurantes seus principais clientes”, explica o presidente-executivo da Abrasel, Paulo Solmucci.

O estudo da Abrasel também se debruçou sobre cerca de 250 mil empreendimentos de alimentação fora do lar que têm sócios. E a análise mostra um perfil mais jovem e feminino de quem empreende no setor, na comparação com outras áreas da economia. Quase metade (45%) de quem tem uma sociedade num bar ou restaurante está na faixa entre 21 e 40 anos, número maior que no comércio (37%), indústria (32%), construção (35%) e agropecuária (23%). As mulheres também têm participação maior nas sociedades do setor do que em todos os outros segmentos. Representam 38% de quem tem sociedade num bar e restaurante, contra 36% na agropecuária, 35% no comércio, 31% na indústria e 24% na construção civil.

Além do enorme contingente de empreendedores, o setor também se coloca como um dos maiores geradores de empregos no país, com quase 6 milhões de pessoas trabalhando (de modo formal ou informal) nos estabelecimentos, sem contar os empregos gerados em fornecedores e prestadores de serviços. E o retrato também é de diversidade — hoje as mulheres são a maioria de quem trabalha em bares e restaurantes, com 52% de presença. Além disso, 61% são pretos ou pardos. Os jovens também têm forte presença: 1 em cada 5 trabalhadores do setor tem hoje entre 20 e 29 anos. Apesar da juventude, a maioria apresenta boa qualificação. Entre os informais, quase metade (49%) tem ao menos o ensino médio completo, número que chega a 75% entre os trabalhadores formais.

“O nosso setor é formador de oportunidades. Ele dá o primeiro emprego, permite que o jovem trabalhe e possa financiar os estudos, forma empreendedores que irão gerar novos empregos. Além disso, bares e restaurantes são um ambiente propício para a inovação, a criatividade e o relacionamento humano. E essa força está diretamente relacionada à diversidade, que traz novas ideias, novas perspectivas e novas formas de fazer negócios. É um setor que precisa de atenção especial por tudo que ele representa para o país”, completa o presidente da Abrasel.

Por: Abrasel