Nísia Trindade leva puxão de orelha e exonera secretários

Foto: Canal Gov.

Com seu ministério cobiçado pelo Centrão, criticada pela inação no avanço dos casos de dengue pelo país e emparedada por denúncias, como a do Correio da Manhã sobre a coincidência da liberação de verbas para o município de Cabo Frio (RJ) e a nomeação de seu filho como secretário de Cultura, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, foi chamada nesta terça-feira (13) ao Palácio do Planalto para uma reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Fustigada pela pressão e pelas denúncias, Nísia exonerou dois secretários de sua pasta. Helvécio Magalhães, deixou a secretária de Atenção Especializada à Saúde, e Alexandre Telles a diretoria do Departamento de Gestão Hospitalar, Alexandre Telles.

Por enquanto, Lula pretende manter Nísia. Mas tem demonstrado insatisfação com a sua gestão. Nísia foi a ministra mais cobrada na segunda-feira (18), na reunião ministerial feita por Lula para discutir as razões da queda de popularidade do governo.

Helvécio, nome ligado ao PT, que já foi secretário de Saúde do governo de Minas Gerais na gestão de Fernando Pimentel, e Telles foram exonerados pelo envolvimento com supostas irregularidades na gestão de hospitais federais no Rio de Janeiro.

Agora ex-secretário de Atenção Especializada à Saúde, Helvécio Magalhães, tinha sido nomeado por Nísia para ser uma espécie de interventor dos seis hospitais federais localizados no Rio, entortando, ele foi apontado como um dos responsáveis por apadrinhamentos e nomeações sem critérios técnicos em hospitais federais, em casos denunciados ao Ministério Público.

Nísia foi alvo das cobranças do presidente Lula na última reunião ministerial. Além de chefiar a pasta mais cobiçada da Esplanada dos Ministérios — a que possui o maior orçamento —, a ministra foi cobrada pelas falhas na condução das crises de saúde que afetam o povo Yanomami, da dengue, e pela pressão de não ser um agente político protagonista no governo.

Segundo o próprio presidente, o ministério teria passado a impressão equivocada à população de que haveria doses de vacina contra a dengue em todo o país, quando, na verdade, o estoque disponível era pequeno Ele ressaltou ser preciso melhorar a comunicação da pasta, além de bater na tecla de que não se pode prometer à população aquilo que não se pode cumprir.

Cabo Frio

No caso de Cabo Frio, denunciado pelo Correio da Manhã, há uma investigação em curso pedida pelo Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) e uma Comissão Parlamentar de Inquérito instalada no município.

Como mostrou o Correio, o filho da ministra, Márcio Lima Sampaio, foi nomeado secretário de Saúde de Cabo Frio, no Rio de Janeiro, exatamente um mês após o ministério destinar R$ 55 milhões a prefeitura do município em uma única parcela em dezembro de 2023.

O caso ainda encerra uma disputa política. Embora Nísia tenha o apoio da presidente do partido, Gleisi Hoffmann, a aproximação em Cabo Frio irritou parte do PT. Quando os R$ 55 milhões de recursos foram destinados ao município, a prefeita, Magdala Furtado, esteve em Brasília no Ministério da Saúde, para uma reunião com a ministra e chegou a celebrar nas redes sociais o encontro. Depois disso, em fevereiro, Magdala, que foi eleita pelo PL, trocou de partido, foi para o PV, que faz parte da federação com o PT, para tentar a reeleição.

Ocorre, porém, que o PT tem um pré-candidato na eleição do município, o ex-vereador e secretário-adjunto de Ciência e Tecnologia, Rafael Peçanha.

Para desgastar a ministra, ainda houve uma apresentação com dança erótica em um evento realizado no ministério da Saúde que gerou forte reação da oposição e muitas críticas nas redes sociais.

O presidente parece colocar todas as luzes sob a ministra. Nesta terça, Lula recebeu Nísia e todos os secretários do Ministério da Saúde no Palácio do Planalto. O presidente disse que gostaria de conhecer a equipe do ministério, já que na reunião ministerial de segunda, o presidente comentou que não conhecia os secretários da pasta.

Por: Correio da Manhã