A senhora Norma Pereira do Vale, moradora de Resende, cuja veiculação de áudio e imagem foi autorizada ao Folha News, usou as redes sociais esta semana para desabafar em relação ao que parece ser uma política seletiva, de apadrinhamento e de furada de fila do governo do prefeito Diogo Balieiro.
A idosa luta há dois meses pela realização de um exame depois de uma cirurgia mal-sucedida realizada em novembro de 2023. Segundo ela, depois de não ser chamada para a realização do primeiro exame, ela retornou à secretaria de Saúde na condição de ser a primeira da fila. Porém, com a segunda cirurgia já marcada e necessitando desse exame pré-operatório, dona Norma foi jogada para o final da fila, para daqui a quatro meses segundo a atendente.
A idosa, que relatou ter sido maltratada, ressaltou que tem problemas de saúde e precisa do exame para o procedimento cirúrgico.
“Estou esperando por esse exame há seis meses, eu deveria ter prioridade, eu tenho 76 anos”, desabafou a idosa.
Ouça o áudio de Dona Norma.
Enquanto Dona Norma tem seu direito tolhido por uma possível furada de fila, o prefeito Diogo Balieiro parece tirar proveito do povo fragilizado de Resende para se promover nas redes sociais. Em boa parte por causa de uma política que favoreceu o desemprego, aumento dos bolsões de pobreza e proliferação da violência nos últimos anos.
Porém, Dona Norma também representa uma legião cada vez maior da população, que já apresenta sinais de que as artimanhas populistas e oportunistas do alcaide podem estar com os dias contados.
Pelo menos é isso o que dizem os conhecedores da política local ao explicarem que a onda populista surfada pelo político até um passado recente, através da distribuição de “migalhas aos pedintes” da cidade do sul fluminense em grupos de rede social, que deixou essa camada fragilizada da população “refém do prefeito”, pode agora estourar nas costas do alcaide, que endividou Resende em mais R$ 311 milhões, quase 50% da receita corrente líquida do município, e estaria com dificuldade para emplacar os nomes de Jayme Neto e Kaio Márcio, pré-candidatos a prefeito de Diogo em Resende e Itatiaia respectivamente.
Para se ter uma ideia da estagnação econômica de Resende nos últimos anos, dados divulgados no final de fevereiro pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelaram que a cidade do sul fluminense possui cerca de 43,5 mil empregos formais, 32,9% de uma população de 129,6 mil pessoas apuradas em 2021. Ano em que a pesquisa identificou 32,4% de pessoas vivendo com meio salário mínimo, ou menos, por mês. Essa maioria engloba desempregados, população em situação de pobreza e os que ainda não estão no mercado de trabalho, entre outras categorias.
A cidade do sul fluminense possui uma posição tímida no comparativo com os outros 91 municípios do estado do Rio de Janeiro, já que Resende é apenas a 25ª colocada em empregabilidade, a terceira entre os quatro municípios da região das Agulhas Negras, e a 233ª do Brasil.
A partir de dados do IBGE, o portal Caravela identificou que Resende é uma cidade que pode ser considerada estagnada quando o assunto é a geração de novos empregos. Em 2023, o número de contratações e de demissões foram quase os mesmos, 13,9 mil admissões de 13,5 mil demissões, saldo de apenas 455 novos postos de trabalho durante todo o ano. O que coloca Resende entre as piores cidades no ranking estadual e nacional.
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Posando de “bom gestor” em cima da suposta compra de votos
Dona Norma e outras milhares de pessoas em Resende podem, sem saber, estar pagando um alto preço na cidade vizinha de Itatiaia.
No final de janeiro, Kaio Márcio, diretoror da Santa Casa de Resende que teria se mudado recentemente para Itatiaia para tentar “abocanhar” o controle da prefeitura sendo cacifado por Diogo, foi citado em uma denúncia ao MP depois que compareceu, em horário em que deveria estar trabalhando, no Ciep Ezequiel Freire em Itatiaia ao lado do deputado estadual Tande Vieira, supostamente em um gesto de campanha eleitoral antecipada.
“Da mesma forma, o mesmo é citado pela no instagram por Angélica Alvarenga como tendo utilizado os recursos da Santa Casa para atendimento da mãe dela Alice Maria de Alvarenga Silva. Isso prova que Kaio Márcio está utilizando recursos públicos da Santa Casa de Resende para compra antecipada de votos por meio de atendimentos médico-hospitalares, o que requer uma ação rápida e precisa deste respeitável Ministério Público”, diz a denúncia.
A suposta compra de voto por meio de atendimento de saúde teria acontecido há alguns dias para a mãe da diretora do Ciep Angélica Alvarenga, Maria Alice Alvarenga, ambas citadas na denúncia.
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