Prefeito da cidade do sul fluminense direciona pacientes do Hospital Municipal de Emergência para “Natália”, que supostamente liga direto para ele assediar pessoas que precisam de atendimento
Condenado em uma decisão de primeira instância por abuso de poder econômico na eleição municipal de 2020, quando acabou derrotado em sua tentativa de se reeleger prefeito do Rio, o atual deputado federal Marcello Crivella teve como um dos ventos contrários um escândalo que, além dos problemas com a justiça, tornou-se chacota no Brasil inteiro: “Fala com a Márcia”.
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Esse jargão que virou meme nas redes sociais, e dor de cabeça para Crivella, começou em 2018, quando foram vazados áudios de um encontro do ex-prefeito orientando líderes religiosos a “falarem com a Márcia”, ex-assessora de Crivella, lotada na Comlurb, a fim de obterem atendimento médico aos fiéis. Seis anos depois, a história parece se repetir em Resende, onde o prefeito Diogo Balieiro teria implantado o “fala com a Natália” no Hospital de Emergência do município.
Pelo menos é isso que sugere uma denúncia protocolada junto ao Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, o MPRJ, dando conta de que Balieiro estaria criando dificuldades aos pacientes que buscar atendimento na unidade de saúde para vender facilidade, usando os recursos públicos, ou seja, dos próprios pacientes.
Segundo a denunciante, ela percebeu a farsa na semana passada, quando chegou à unidade de saúde com o avô dela, que estaria passando mal e que possivelmente precisasse ser transferido para a Santa Casa.
A denunciante revela que percebeu certa indiferença no tratamento dispensado a ela e ao avô assim que chegaram ao hospital e que foi aconselhada a procurar uma funcionária de nome Natália, que seria cargo comissionado de Balieiro.
Ela relata que Natália ligou para o prefeito e passou o celular para ela conversar com o político, que teria comunicado a transferência do idoso para a Santa Casa a fim de realizar exames.
Nas palavras dela ao MP, “ficou claro que ela foi envolvida num grande teatro para promoção do prefeito, com a participação dissimulada de servidores públicos”.
“Isso precisa acabar, todos somos iguais, todos pagamos impostos para termos atendimento público de qualidade, sem distinção. Como assim? Disk prefeito para receber atendimento pago com o dinheiro público? Que coisa nojenta, baixa, suja desse senhor. Gostaria que o MP investigasse isso e desse a resposta que esse falsário, doente mental merece”, completou a denúncia.
De olho nos 370 milhões de Itatiaia
Ao que tudo indica, Diogo Balieiro continua o modelo de distribuição de migalhas à população empobrecida, que se tornou dependente de um esquema criado pelo governante nos últimos anos para se promover politicamente em cima do sofrimento das pessoas, enquanto afundava o município em uma dívida de R$ 311 milhões. Porém, embora Balieiro tente emplacar o pouco expressivo Jayme Netto na eleição de Resende, a principal aposta do governante está na cidade vizinha de Itatiaia, onde o prefeito tenta emplacar o diretor da Santa Casa de Resende, Kaio Márcio Paiva, de olho na arrecadação de Itatiaia, estimada em quase R$ 370 milhões este ano.
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