Pré-candidatura de Tande expõe declínio de Diogo Balieiro em Resende e enfraquece Kaio ainda mais em Itatiaia

Embora comemorada por alguns, a definição do nome do deputado estadual Tande Vieira com pré-candidato a prefeito de Resende indicado pelo atual governante foi enxergada pelos conhecedores da política local como um sinal de fraqueza do grupo político do atual prefeito, que até então vinha tentando emplacar o nome do pouco expressivo Jayme Neto, secretário de Saúde.

Porém, a escolha de Tande também é um sinal de que o grupo político de Balieiro está preocupado em não perder o comando da maior cidade da Região das Agulhas Negras. O que, de quebra, deve enfraquecer a já combalida pré-candidatura do ex-diretor da Santa Casa de Resende, Kaio Márcio Paiva, que se mudou para Itatiaia supostamente a mando de Diogo. Isso porque Balieiro estaria de olho nos estimados R$ 370 milhões da arrecadação da cidade vizinha.

Tande, tendo que se preocupar com sua própria campanha, já é uma baixa considerável no palanque de Kaio, já que o parlamentar não pode mais prometer apoio através Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj). Isso porque o parlamentar, em caso de vitória precisa renunciar ao cargo.

Recentemente a pré-candidata a vereadora Estela Mari, da Vila Flórida, usou as redes sociais para dizer que havia sido humilhada por Kaio, que não pertence mais ao grupo dele, além de retirar a pré-candidatura e o apoio dela.

Assista ao vídeo de Estela Mari.

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Mais baixa

Outro exemplo dos que já pularam fora dessa suposta arapuca foi o pré-candidato a vereador Heitor Aquino, que usou as redes sociais retirar sua pré-candidatura a vereador e pular fora de Kaio Márcio.

Assista o vídeo a seguir.

Câmara de Resende queimada

As pré-candidaturas de Tande e Kaio Márcio, além de demonstrarem a ganância de Diogo Balieiro pelo poder e a arrecadação de Itatiaia, também é consequência da falência da contas públicas de Resende, que sequer teve condições de honrar o reajuste de 10% dos servidores desse ano.

Bancarrota que representou uma dívida acumulada de R$ 311 milhões no final do ano passado, resultado de obras de falhada que em nada contribuíram para o desenvolvimento da cidade, além de uma enxurrada de terceirizações na Saúde que, enquanto ajudavam a insuflar a política popolista e de distribuição de migalhas pelo prefeito à população empobrecida, afundaram o município em dívidas, escalada do desemprego e proliferação de bolsões de pobreza e violência.

Porém, quase todos os empréstimos bancários feitos pelo prefeito a bancos tiveram aprovação de todos os vereadores, com exceção de um empréstimo de R$ 25 milhões no final de 2023, que contou com a negativa de alguns vereadores de oposição.

Resende estagnada

Investidas policiais sobre usuários de drogas e moradores em situação de rua em Resende se tornaram frequentes nos últimos anos.

Os bairros da região central da cidade do sul fluminense se encontram tomados por essas pessoas. Problema que também é percebido na frente de estabelecimentos comerciais e sinais de trânsito , onde essas pessoas pedem dinheiro ou tentam vender pequenas mercadorias, como doces e chocolates.

Em boa medida, a empobrecimento de Resende, que no passado era uma espécie de locomotiva do desenvolvimento do sul fluminense, deve-se ao fato de Diogo Balieiro ter promovido uma governo assistencialista, voltado à reformas consideradas de maquiagem de prédios públicos e a concessão de pequenos favores à população, que se tornou cada vez mais dependentes das migalhas do político. Um ciclo vicioso que favoreceu o populismo do político, mas que atingiu em cheio o crescimento humano e profissional dos moradores da cidade do sul fluminense.

Resende está estagnada na geração de empregos em praticamente todos os setores segundo um gráfico disponibilizado pelo Sebrae RJ a partir de dados do Ministério do Trabalho.

De acordo com o documento, o setor de serviços sofreu queda, que foi compensada com ligeiro avanço da indústria enquanto o comércio permaneceu praticamente parado.

O marasmo da economia da cidade do sul fluminense também encontra lastro na política adotada pela administração de Diogo Balieiro, que optou por um modelo assistencialista centrado na promoção pessoal do político através da concessão de pequenos favores, que desfavoreceram o desenvolvimento humano e profissional dos moradores, reféns das migalhas do prefeito. Essa dependência coincidiu com empobrecimento da população nos últimos anos e a abertura de diversos bolsões de pobreza, que podem atrapalhar Balieiro em emplacar Tande na corrida eleitoral desse ano.

Por outro lado, além do desemprego e da escalada da violência, Diogo também terá poucos argumentos para atrair os serviços concursados, que aguardavam 10% de aumento salarial retroativos a janeiro. Desarranjo econômico e financeiro que também deixa sem pouso o diretor da Santa Casa de Resende, Kaio Paiva, que se mudou recentemente para Itatiaia supostamente para disputar a eleição desse ano, já que Balieiro estaria de olho na arrecadação da cidade vizinha. O que acontece depois de o alcaide ter afundado Resende em uma dívida de R$ 311 milhões.

Migalhas já não convencem

Afeito a usar as redes sociais para se promover tirando proveito do estado de empobrecimento da população de Resende nos últimos anos, em boa parte por causa de uma política que favoreceu o desemprego, aumento dos bolsões de pobreza e proliferação da violência nos últimos anos, Diogo Balieiro estaria “provando do próprio veneno”.

Para se ter uma ideia da estagnação econômica de Resende nos últimos anos, dados divulgados no final de fevereiro pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelaram que a cidade do sul fluminense possui cerca de 43,5 mil empregos formais, 32,9% de uma população de 129,6 mil pessoas apuradas em 2021. Ano em que a pesquisa identificou 32,4% de pessoas vivendo com meio salário mínimo, ou menos, por mês. Essa maioria engloba desempregados, população em situação de pobreza e os que ainda não estão no mercado de trabalho, entre outras categorias.

A cidade do sul fluminense possui uma posição tímida no comparativo com os outros 91 municípios do estado do Rio de Janeiro, já que Resende é apenas a 25ª colocada em empregabilidade, a terceira entre os quatro municípios da região das Agulhas Negras, e a 233ª do Brasil.

A partir de dados do IBGE, o portal Caravela identificou que Resende é uma cidade que pode ser considerada estagnada quando o assunto é a geração de novos empregos. Em 2023, o número de contratações e de demissões foram quase os mesmos, 13,9 mil admissões de 13,5 mil demissões, saldo de apenas 455 novos postos de trabalho durante todo o ano. O que coloca Resende entre as piores cidades no ranking estadual e nacional.

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Disk prefeito

Em maio, o  Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, o MPRJ, tomou conhecimento de um suposto esquema no Hospital Municipal de Emergência de Resende para promoção pessoal do prefeito Diogo Balieiro.

Segundo a denunciante, ela percebeu a farsa na semana passada, quando chegou à unidade de saúde com o avô dela, que estaria passando mal e que possivelmente precisasse ser transferido para a Santa Casa.

A denunciante revela que percebeu certa indiferença no tratamento dispensado a ela e ao avô assim que chegaram ao hospital e que foi aconselhada a procurar uma funcionária de nome Natália, que seria cargo comissionado de Balieiro.

Ela relata que Natália ligou para o prefeito e passou o celular para ela conversar com o político, que teria comunicado a transferência do idoso para a Santa Casa a fim de realizar exames.

Nas palavras dela ao MP, “ficou claro que ela foi envolvida num grande teatro para promoção do prefeito, com a participação dissimulada de servidores públicos”.

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