O Departamento de Transportes Rodoviários do Estado do Rio de Janeiro (Detro-RJ) anunciou no dia 13 de julho a criação de uma nova linha de ônibus que ligará Resende a Cabo Frio, nova rota operada pela Viação Cidade do Aço, que oferecerá ônibus executivos e refrigerados com uma tarifa de R$ 118. A notícia não tem nada a ver com o prefeito de Resende, que tentou pegar uma carona na Cidade do Aço para tentar se promover nas redes sociais com ajuda de asseclas e cargos comissionados, os CCs.
Enquanto o “prefeito caroneiro” faz firula com a nova linha da Cidade do Aço, o político tenta se fazer de desentendido em relação ao maior rombo da história de Resende, mais de R$ 314,7 milhões em dívidas contraídas durante a gestão de Diogo Balieiro.
Falida, pobre, desempregada e violenta
Enquanto o prefeito insiste em tentar enganar a população com truques de maketing nas redes sociais, a realidade mostra uma cidade decadente, falida em todos os sentidos, pobre, com proliferação de bolsões de pobreza e taxas de desemprego e homicídio alarmantes.
Para se ter uma ideia da cratera aberta pelo governo de Balieiro nos cofres do município nos últimos anos, dados oficiais da prefeitura revelam que metade de tudo que o município arrecada é para pagar a dívida atual, que representa quase 50% da receita corrente líquida de Resende, segundo dados oficiais da própria prefeitura.
Alugada por contratos suspeitos
A bolha que resultou na falência de Resende talvez precise da lupa do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, o MPRJ, para identificar onde foram parar esses R$ 314,7 milhões. Isso porque o município pouco adquiriu em termos de equipamentos que justifiquem tamanha monta. Denúncias nessa direção já foram encaminhadas à Promoção Ministerial nos últimos meses.
Porém, algumas contratações exalam cheiro de enxofre. Uma delas é a da empresa de informática Custom, alvo de denúncia de propina em Itatiaia e detentora de um contrato com sobrepreço de 10.000% em relação à serviços semelhantes contratados por outras prefeituras. Outro caso recente foi a construção de uma escola para autistas originalmente criada pelo ex-prefeito José Rechuan com um sobrepreço de 65% em relação a um unidade de uma cidade com uma população três vezes maior.
R$ 100 milhões às escuras
Tirando as “fotos fofas” e os vídeos de promoção social propalados por Balieiro e seus asseclas nas redes sociais, diversas informações que deveriam ser públicas por Balieiro continuam no breu. Uma delas se refere ao detalhamento de estimados R$ 100 milhões de verba pública repassados nos últimos anos à Santa Casa de Misericórdia, encobertos do Portal da Transparência e contando com o silêncio do último diretor da unidade de saúde, Kaio Márcio Paiva, apontado com um possível postulante a vice na chapa do prefeito de Itatiaia, Irineu Coelho.
Mas o desgaste de Kaio Márcio encontra um marco temporal icônico em outubro do ano passado, quando os vereadores da base de Diogo Balieiro, supostamente por orientação do prefeito, reprovaram um requerimento de informação de autoria do vereador Thiago Forastieri, que solicitava detalhamento dos recursos públicos repassados à Santa Casa de Resende.
Depenada, desempregada e violenta
Dados do Instituto de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro (ISP) apontaram que entre janeiro de 2022 e maio de 2023 o índice de letalidade violenta em Resende aumentou 58,8%. Esse percentual ajuda a explicar por que o município do sul fluminense foi um destaque negativo no Anuário Brasileiro de Segurança Publica 2023, levantamento que apontou que o município tem a maior taxa de mortes violentas intencionais da região: 39,8 por 100 mil habitantes enquanto a média nacional é de 22,3 por grupo de 100 mil.
Nos últimos dias, o município de menos de 150 mil habitantes voltou a chamar a região pelo assassinato de jovens, muitos com suposta ligação com o tráfico de drogas, assaltos a mão armada, entre outros crimes. Porém, a escalada da violência na cidade também pode ser enxergada pelo empobrecimento da população, ausência de políticas públicas voltadas ao desenvolvimento socioeconômico que fizeram de boa parcela dos moradores uma legião de “depenados”, incluindo a classe média do município, enquanto os bolsões de pobreza se proliferaram. Uma “política de migalhas” concedida pelo poder público através da figura do prefeito Diogo Balieiro, que parece ter tirado proveito em cima do empobrecimento do povo, mas que pode ajudado a colocar a cidade num abismo.
A escala da violência coincide com o caos econômico de Resende. Para se ter uma ideia da estagnação econômica de Resende nos últimos anos, dados divulgados no final de fevereiro pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelaram que a cidade do sul fluminense possui cerca de 43,5 mil empregos formais, 32,9% de uma população de 129,6 mil pessoas apuradas em 2021. Ano em que a pesquisa identificou 32,4% de pessoas vivendo com meio salário mínimo, ou menos, por mês. Essa maioria engloba desempregados, população em situação de pobreza e os que ainda não estão no mercado de trabalho, entre outras categorias.
A cidade do sul fluminense possui uma posição tímida no comparativo com os outros 91 municípios do estado do Rio de Janeiro, já que Resende é apenas a 25ª colocada em empregabilidade, a terceira entre os quatro municípios da região das Agulhas Negras, e a 233ª do Brasil.
A partir de dados do IBGE, o portal Caravela identificou que Resende é uma cidade que pode ser considerada estagnada quando o assunto é a geração de novos empregos. Em 2023, o número de contratações e de demissões foram quase os mesmos, 13,9 mil admissões de 13,5 mil demissões, saldo de apenas 455 novos postos de trabalho durante todo o ano. O que coloca Resende entre as piores cidades no ranking estadual e nacional.
Migalhas não salvam Jayme Neto
Afeito a usar as redes sociais para se promover tirando proveito do estado de empobrecimento da população de Resende nos últimos anos, em boa parte por causa de uma política que favoreceu o desemprego, aumento dos bolsões de pobreza e proliferação da violência nos últimos anos, o prefeito Diogo Balieiro estaria “provando do próprio veneno”. Pelo menos é isso que dizem os conhecedores da política local, já que, em Resende o ex-pré-candidato apoiado por Diogo, Jayme Neto, não decolou e foi apunhalado pelas costas pelo alcaide, que trocou Jayme pelo nome do deputado estadual Tande Vieira. Em Itatiaia, Kaio Márcio estaria em negociação para ser o vice de Irineu, porque o rapaz também não conseguiu alçar voo e já sente o peso do endividamento de R$ 314,7 milhões de Balieiro, que faliu Resende.