Prefeito que abriu o maior rombo da história de Resende, R$ 314,7 milhões, e afundou a cidade na estagnação, desemprego, pobreza e violência agora quer Itatiaia, mas a reação da cidade vizinha pode beneficiar Renan Marassi
Talvez o candidato a prefeito de Resende Renan Marassi, ao posar para uma foto ao lado de populares sobre a Ponte Nilo Peçanha, não tenha percebido milhares de aliados ocultos ao fundo da imagem, atrás das ferragens da “Ponte Velha”: na cidade vizinha de Itatiaia.
O reforço de peso, e inesperado, já é percebido por diversas manifestações de moradores de Itatiaia nas redes sociais, muitos dos quais têm amigos e parentes em Resende, favoráveis a Renan Marassi.
Nas redes sociais, as publicações para promover Kaio em Itatiaia, muitas delas feitas por pessoas de Resende, estão encontrado resistência de moradores de Itatiaia, que chamam Diogo, Kaio e seus asseclas de oportunistas. Essas pessoas acabam se manifestando a favor Renan.
“Oportunistas, torcendo para o Renan Ganhar em Resende. Muito”, disse um internauta em resposta a uma publicação feita em um grupo do Facebook.
A manifestação, entre diversas outras, representa uma espécie de levante de itatiaienses contra o que é visto por muitos como uma tentativa do prefeito de Resende, Diogo Balieiro, em se apoderar da arecadação de Itatiaia, cuja receita estimada para 2024 é de cerca de R$ 370 milhões para cerca de 30 mil habitantes, ou seja, uma das cidades mais ricas do Brasil em arrecadação per capita.
A empreitada, que começou no ano passado quando o então diretor da Santa Casa de Resende Kaio Márcio se mudou para Itatiaia para corrida eleitoral desse ano, apresentou diversos efeitos colaterais. Entre eles a debandada de então pré-candidatos da base dele.
O interesse de Balieiro pela rica Itatiaia não foi acompanhada do mesmo interesse pela outras duas cidades da região das Agulhas Negras, Porto Real e Quatis, coinscidentemente menos afortunadas. O que fez crescer a desconfiança sobre o que já é visto como ganância do prefeito de Resende.
Entre esses questionamentos estão cerca de R$ 100 milhões de repasses de verba pública à Santa Casa ocultados do Portal da Transparência, sem detalhamento de Kaio e Diogo.
Recentemente o deputado estadual Fillippe Poubel acusou Kaio Márcio de desvio de cerca de R$ 10 milhões em verbas estaduais e federais. Assunto que foi abordado por outro deputado estadua, Alan Lopes, que denunciou a suposta tentativa de ocultação de provas.
Ganância sobre Itatiaia e a falência de Resende
A sanha de Diogo Balieiro pela arrecadação de Itatiaia e os escândalos e obscuridão envolvendo milhões em verba pública à Santa Casa, para muitos, fazem parte de um samba de uma nota só: o rombo de R$ 314,7 milhões aberto por Diogo nas contas de Resende, o maior da história da cidade.
Para os observadores mais atentos, Itatiaia se apresenta como uma “carne suculenta e fresca” quando comparada à “cadavérica Resende”. A cidade está estagnada na geração de empregos em praticamente todos os setores segundo um gráfico disponibilizado pelo Sebrae RJ a partir de dados do Ministério do Trabalho.
De acordo com o documento, o setor de serviços sofreu queda, que foi compensada com ligeiro avanço da indústria enquanto o comércio permaneceu praticamente parado.
Para se ter uma ideia da estagnação econômica de Resende nos últimos anos, dados divulgados no final de fevereiro pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelaram que a cidade do sul fluminense possui cerca de 43,5 mil empregos formais, 32,9% de uma população de 129,6 mil pessoas apuradas em 2021. Ano em que a pesquisa identificou 32,4% de pessoas vivendo com meio salário mínimo, ou menos, por mês. Essa maioria engloba desempregados, população em situação de pobreza e os que ainda não estão no mercado de trabalho, entre outras categorias.
A cidade do sul fluminense possui uma posição tímida no comparativo com os outros 91 municípios do estado do Rio de Janeiro, já que Resende é apenas a 25ª colocada em empregabilidade, a terceira entre os quatro municípios da região das Agulhas Negras, e a 233ª do Brasil.
A partir de dados do IBGE, o portal Caravela identificou que Resende é uma cidade que pode ser considerada estagnada quando o assunto é a geração de novos empregos. Em 2023, o número de contratações e de demissões foram quase os mesmos, 13,9 mil admissões de 13,5 mil demissões, saldo de apenas 455 novos postos de trabalho durante todo o ano. O que coloca Resende entre as piores cidades no ranking estadual e nacional.
Segundo dados do IBGE, 68% da população de Resende está desempregada ou na informalidade com menos de meio salário mínimo.
Violência
Carente de políticas públicas sociais e abertura de novos postos de trabalho nos últimos anos, boa parcela dos moradores de Resende estão cercados pela violência, perdendo seus jovens para organizações criminosas, não conseguem andar com suas próprias pernas e se tornaram presas fáceis do que parece ser uma política assistencialista implantada pelo governo de Diogo Balieiro, que em muito favoreceu o empobrecimento da cidade.
Dados do Instituto de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro (ISP) apontaram que entre janeiro de 2022 e maio de 2023 o índice de letalidade violenta em Resende aumentou 58,8%. Esse percentual ajuda a explicar por que o município do sul fluminense foi um destaque negativo no Anuário Brasileiro de Segurança Publica 2023, levantamento que apontou que o município tem a maior taxa de mortes violentas intencionais da região: 39,8 por 100 mil habitantes enquanto a média nacional é de 22,3 por grupo de 100 mil.
Nos últimos dias, o governo de Diogo Balieiro foi flagrado escorraçando moradores de rua para tentar esconder pobreza, desemprego, violência e rombo de R$ 314,7 milhões.