O prefeito eleito de Resende, Tande Vieira, ainda não se pronunciou sobre um dos pontos mais polêmicos da gestão do atual prefeito, Diogo Balieiro, que é a situação jurídica da Santa Casa, objeto do acirramento dos ânimos durante a corrida eleitoral desse ano.
Isso porque a Santa Casa de Resende não é municipalizada, mas utiliza recurso públicos, e muito, sem precisar ser gerenciado pelos trâmites da lei federal de licitações e da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Isso porque a entidade possui personalidade jurídica própria e acaba utilizando os repasses sem precisar, por exemplo, fazer licitações.
Embora a intervenção na Santa Casa tenha se iniciado em 2016 por uma iniciativa do então secretário de Saúde Daniel Brito, já falecido, diferente da pirotecnia feita por Diogo Balieiro durante a corrida eleitoral, o nome do “pai da criança” pode ser o menor dos problemas.
Outras faíscas da eleição talvez se mantenham acesas no governo de Tande. Entre as declarações feitas pelos deputados estaduais Alan Lopes e Filippe Poubel (ambos do PL) em agosto, direcionadas a Diogo Balieiro e o ex-diretor da Santa Casa e prefeito eleito de Itatiaia, Kaio Márcio, o Kaio do Diogo Balieiro.
Segundo Alan Lopes, depois de uma denúncia feita por Poubel, de supostos desvios na Santa Casa, “foi uma correria total”.
“Parece que saíram caixas da Santa Casa e essas caixas estariam sendo levadas para casa do pai do ex-diretor da Santa Casa, numa tentativa de anular, esconder as provas. Além dessa denúncia, chegaram outras denúncias dizendo que eles estão nomeando pessoas na Santa Casa para trabalhar lá em Itatiaia, através de RPA. Por quê? Porque o ex-diretor da Santa Casa agora é candidato a prefeito em Itatiaia”, disse o deputado.
Assista o vídeo de Alan Lopes.
O possível combustível para as declarações dos deputados pode justamente ter como origem o não detalhamento do dinheiro público que entra na Santa Casa, cuja solução possivelmente será empurrada para o governo de Tande. Isso porque o governo de Balieiro caminha para o fim sem que o prefeito tenha se mexido para efetivar a municipalização da Santa Casa, contanto ainda com o corpo mole da maior parte dos vereadores.
No caso das declarações de Poubel, o deputado também falou da omissão dos vereadores, incluindo o “réu confesso” Roque Cerqueira, da base de Diogo, que admitiu em plenário que votaria contra um requerimento do vereador Tiago Forastieri sobre informações dos repasses a Santa Casa. Segundo Roque, o voto contrário foi uma determinação de Diogo.
Assista o vídeo.
Após a reprovação do requerimento, o caso foi parar no Ministério Público dos Estado do Rio de Janeiro, o MPRJ.
Outro deputado que poderia ter de mexido e acabou fazendo vista grossa para a obscuridão dos repasses feitos à Santa Casa foi o próprio Tande Vieira. O que se pergunta atualmente em Resende é: Tande vai abrir a caixa preta dos repasses de verba pública à Santa Casa? Ele vai manter essa municipalização precária?
Com a palavra, Tande Vieira.