Diferente do prefeito eleito de Itatiaia, Tande Vieira se cala diante do maior rombo financeiro da história de Resende, deixado por Balieiro. Por que será?
O prefeito eleito de Itatiaia, Kaio Márcio, o “Kaio do Diogo Balieiro, em entrevista veiculada esta semana pelo Jornal Aqui, de Volta Redonda, se queixou da dívida estimada de R$ 54 milhões do município que ele começa a governar em janeiro de 2025.
Porém, os 54 milhões representam cerca de 12% da receita prevista para Itatiaia em 2025. Isso significa dizer que, mesmo que Kaio resolvesse quitar 100% desse passivo, a valores atuais, ele teria R$ 390 milhões em caixa para gerenciar uma cidade de cerca de 30 mil habitantes. Isso significa dizer que, mesmo com o passivo, a arrecadação de Itatiaia é proporcionalmente o dobro da arrecadação de Resende, cuja receita gira em torno de R$ 1 bilhão para 140 mil habitantes. Porém, considerando uma hipotética quitação do rombo financeiro deixado por Diogo Balieiro, pode-se dizer que a arrecadação de Resende em 2025 será três vezes menor que a de Itatiaia.
Ironicamente, o mesmo Kaio, que se queixou dos R$ 54 milhões do endividamento de Itatiaia, participou ativamente da gestão do atual prefeito de Resende, Diogo Balieiro, que entrega o cargo oficialmente no dia 1º de janeiro deixando ao sucessor dele, Tande Vieira, o maior rombo da história de Resende, R$ 322,9 milhões informados em setembro pela prefeitura. Essa bagatela equivale a cerca de 35% da receita corrente líquida do município de Resende, ou seja, uma dívida quase três vezes maior que os 12% de endividamento de Itatiaia, que o mesmo Kaio se queixou.
Enquanto Kaio reclama dos R$ 54 milhões da dívida de Itatiaia, Tande parece pouco incomodado com o rombo de R$ 322,9 milhões que ele herdará em menos de 30 dias. O que já está levantando a seguinte dúvida nos observadores mais atentos: “Está quieto por que, Tande?”
O incomodado “Kaio do Diogo Balieiro, também não se pronunciou sobre a ausência de detalhamento de estimados R$ 100 milhões de recursos públicos repassados à Santa Casa de Resende nos últimos anos, instituição em que ele foi diretor entre o final de 2022 e meados desse ano.
Esse assunto foi objeto de faíscas durante a corrida eleitoral desse ano. Entre elas as declarações feitas pelos deputados estaduais Alan Lopes e Filippe Poubel (ambos do PL) em agosto, direcionadas a Diogo Balieiro e Kaio.
Segundo Alan Lopes, depois de uma denúncia feita por Poubel, de supostos desvios na Santa Casa, “foi uma correria total” na unidade de saúde, por supostas movimentações estranhas envolvendo transporte de envelopes dura a noite.
“Parece que saíram caixas da Santa Casa e essas caixas estariam sendo levadas para casa do pai do ex-diretor da Santa Casa, numa tentativa de anular, esconder as provas. Além dessa denúncia, chegaram outras denúncias dizendo que eles estão nomeando pessoas na Santa Casa para trabalhar lá em Itatiaia, através de RPA. Por quê? Porque o ex-diretor da Santa Casa agora é candidato a prefeito em Itatiaia”, disse o deputado.
Assista o vídeo de Alan Lopes.
No caso das declarações de Poubel, o deputado também falou da omissão dos vereadores, incluindo o “réu confesso” Roque Cerqueira, da base de Diogo, que admitiu em plenário que votaria contra um requerimento do vereador Tiago Forastieri sobre informações dos repasses a Santa Casa. Segundo Roque, o voto contrário foi uma determinação de Diogo.
Assista o vídeo
Após a reprovação do requerimento, o caso foi parar no Ministério Público dos Estado do Rio de Janeiro, o MPRJ.
Outro deputado que poderia ter de mexido e acabou fazendo vista grossa para a obscuridão dos repasses feitos à Santa Casa foi o próprio Tande Vieira. O que se pergunta atualmente em Resende é: Tande vai abrir a caixa preta dos repasses de verba pública à Santa Casa? Ele vai manter essa municipalização precária?