As informações oficiais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE, confirmam que Itatiaia é uma das cidades mais ricas do estado do Rio de Janeiro. Em termos de arrecadação per capita, o município do sul fluminense realizou em 2023 mais de R$ 386,5 milhões em receitas para uma população de pouco mais de 30 mil habitantes, ou seja, a 5ª maior do estado e a 45ª entre os 5570 municípios do Brasil.
No entanto, recentemente o prefeito eleito, Kaio do Diogo Balieiro, declarou a um jornal da região que deve encontrar dificuldade financeira em 2025. Segundo ele por causa de dívidas municipais que somam R$ 54 milhões, cerca de 12% da receita estimada de mais de R$ 400 milhões para o próximo ano. Uma muleta que deixou os observadores mais atentos com a pulga atrás da orelha, já que, segundo o atual prefeito, Irineu Coelho, “Itatiaia tem muito dinheiro e o que falta é gestão”.
Conforme observou o próprio Kaio do Diogo Baliero durante a campanha eleitoral, Itatiaia possui uma arrecadação muito maior que a de Resende.
“Desde que nós assumimos a gestão de Resende, nós sempre nos deparamos com uma situação, onde um município ao lado de Resende, que tem uma arrecadação quatro vezes superior à arrecadação de Resende, de forma per capita, a gente sempre se deparou do porquê a população do município (Itatiaia) precisa todos os dias se utilizar dos serviços públicos de Resende… nós podemos fazer mais por Itatiaia”, prometeu o então candidato.
Assista o vídeo na íntegra.
Porém, o que Kaio do Diogo Balieiro ainda não respondeu é se ele vai os não extirpar os contratos milionários celebrados por Irineu?
No que tange à dívida, os R$ 54 milhões representam uma proporção de 12% da receita estimada de Itatiaia para 2025. Esse percentual é quase três vezes maior que o endividamento de Resende, onde o prefeito Diogo Balieiro abriu o maior rombo financeiro da história do município com R$ 322,9 milhões em dívidas, segundo dados divulgados em setembro pela prefeitura.
Ironicamente, o mesmo Kaio do Diogo Balieiro, que se queixou dos R$ 54 milhões do endividamento de Itatiaia, participou ativamente da gestão de Diogo Balieiro. O incomodado Kaio do Diogo Balieiro também não se pronunciou sobre a ausência de detalhamento de estimados R$ 100 milhões de recursos públicos repassados à Santa Casa de Resende nos últimos anos, instituição em que ele foi diretor entre o final de 2022 e meados desse ano.
Faíscas
Esse assunto foi objeto de faíscas durante a corrida eleitoral desse ano. Entre elas as declarações feitas pelos deputados estaduais Alan Lopes e Filippe Poubel (ambos do PL) em agosto, direcionadas a Diogo Balieiro e Kaio.
Segundo Alan Lopes, depois de uma denúncia feita por Poubel, de supostos desvios na Santa Casa, “foi uma correria total” na unidade de saúde, por supostas movimentações estranhas envolvendo transporte de envelopes dura a noite.
“Parece que saíram caixas da Santa Casa e essas caixas estariam sendo levadas para casa do pai do ex-diretor da Santa Casa, numa tentativa de anular, esconder as provas. Além dessa denúncia, chegaram outras denúncias dizendo que eles estão nomeando pessoas na Santa Casa para trabalhar lá em Itatiaia, através de RPA. Por quê? Porque o ex-diretor da Santa Casa agora é candidato a prefeito em Itatiaia”, disse o deputado.
Assista o vídeo de Alan Lopes.
No caso das declarações de Poubel, o deputado também falou da omissão dos vereadores, incluindo o “réu confesso” Roque Cerqueira, da base de Diogo, que admitiu em plenário que votaria contra um requerimento do vereador Tiago Forastieri sobre informações dos repasses a Santa Casa. Segundo Roque, o voto contrário foi uma determinação de Diogo.
Assista o vídeo.
Após a reprovação do requerimento, o caso foi parar no Ministério Público dos Estado do Rio de Janeiro, o MPRJ.
Outro deputado que poderia ter de mexido e acabou fazendo vista grossa para a obscuridão dos repasses feitos à Santa Casa foi o próprio Tande Vieira. O que se pergunta atualmente em Resende é: Tande vai abrir a caixa preta dos repasses de verba pública à Santa Casa? Ele vai manter essa municipalização precária?