Em evento realizado no último sábado em Nova Iguaçu, do qual participaram cerca de 300 pessoas, lideranças do Partido dos Trabalhadores disseram que o hoje deputado federal Lindberg Farias foi “o melhor prefeito que o município já teve”, deixando claro que o partido está disposto a lançá-lo nas eleições de 2024. Acontece que a afirmação, para quem acompanhou de perto os cinco anos e três meses da gestão lindbergniana, está completamente fora da realidade, pois foram muitos os estragos e as denúncias de corrupção.
Lindberg renunciou ao mandato de prefeito em março de 2010 para concorrer a uma cadeira no Senado e saiu deixando um rastro de destruição, obras inacabadas, cerca de R$ 500 milhões em dívidas, além de um rombo de R$ 400 milhões na previdência dos servidores. Agora se colocando como uma das vozes mais estridentes contra o bolsonarismo, ele acena com uma possível volta.
Farias foi eleito em 2004, derrotando o então prefeito Mário Marques, que tentava a reeleição. Em 2008 a vitória em cima de Nelson Bornier, mesmo sendo o petista alvo de muitos inquéritos e denúncias de corrupção envolvendo seu governo.
Um passado que desaconselha – Um dos escândalos da passagem de Farias pela Prefeitura iguaçuana que não sai da memória, foi revelado pelo elizeupires.com na matéria O palácio das almas, veiculada em 13 de novembro de 2007. Nela fora denunciada a existência de funcionários fantasmas na administração municipal, com mais de 800 nomeados que estariam recebendo salários sem trabalhar.
Dois anos depois o Tribunal de Contas do Estado não só confirmou a denúncia, como apontou outras irregularidades, o que foi o assunto da matéria Uma prefeitura “mal-assombrada”, publicada em 23 de março de 2009, dando conta de que uma auditoria do TCE constatou que de 1002 nomeados na Secretaria de Governo apenas 35 assinavam ponto e 13 cumpriam expediente externo.
Operação “abafa” – O governo Lindberg também foi marcado pelo rombo de mais de R$ 400 milhões no Instituto de Previdência dos Servidores Municipais de Nova Iguaçu (Previni). Em março de 2013 o então procurador geral da República, Roberto Gurgel, encaminhou ao Supremo Tribunal Federal (STF), denúncia contra Farias e dois ex-gestores do instituto, Gustavo Falcão Silva e Luciano Otávio Dutra Leite, que já tinham sido condenados pelo Tribunal de Contas a devolverem R$ 2.357.917,32, por aplicações ilegais no mercado financeiro, usando recursos do órgão previdenciário.
O rombo do Previni chegou a ser investigado pela Câmara de Vereadores, mas os membros da bancada do prefeito fizeram uma operação “abafa” para livrar Lindberg e os demais acusados, não permitindo a aprovação do relatório final, que apontou vários crimes. Os documentos – com provas específicas – foram encaminhados ao Ministério Público e Polícia Federal, gerando o processo que está no STF. Na época da CPI um grupo de vereadores trabalhava no sentido de tentar desqualificar o relatório final, que apontou um rombo de cerca de R$ 400 milhões no instituto.
O relatório mostrou a existência de 13 irregularidades, que configuram desde atos de improbidade administrativa até crimes de falsificação de documentos públicos e contra o sistema financeiro nacional. O documento, anexado ao processo, responsabiliza ainda o ex-prefeito e Gustavo Falcão Silva, pela descapitalização da previdência municipal, que deveria ter em seus cofres em março de 2010 – época da CPI – pelo menos R$ 356 milhões em caixa e contava com pouco menos de R$ 10 milhões. No relatório o presidente do Previni, à época.
Por: elizeupires.com