Alguém ganha dinheiro com a falta d’água em Itatiaia? Irineu mantém mais de R$ 3,3 milhões em contratos com terceirizada de caminhões-pipa

Com uma fala mansa e discurso do rapaz pobre que venceu na vida lavando copos e disposto a “retribuir à cidade que o acolheu”, o empresário Irineu Coelho chamou a atenção de Itatiaia em 2020, quando a Justiça Eleitoral anulou o pleito da cidade do sul fluminense por entender que o vitorioso, o então prefeito Eduardo Guedes, tentava um terceiro mandato consecutivo, o que é vedado por lei.

Depois que Dudu saiu do caminho, Irineu começou a ganhar musculatura, já que o empresário propalava a retórica de bom gestor e atacava as mazelas da cidade prometendo que “colocaria ordem na casa”. O discurso de “bom samaritano” acabou emplacando e Irineu venceu o pleito suplementar que aconteceu em março de 2022, após um processo tumultuado de disputas judiciais.

Uma de suas principais promessas, ainda em 2020, era promover investimentos massivos no sistema de tratamento e distribuição de água potável à população, um dos principais problemas da cidade.

“Proponho investimento em reservatórios, estações de tratamento, adutoras, redes de distribuição, entre outros investimentos em saneamento básico, com água limpa e tratada para a população”, disse Irineu em um vídeo divulgado na época.

Para assistir ao vídeo da promessa de Irineu sobre fornecimento de água tratada, clique nesse link.

Porém, após assumir o mandato e a gestão de um orçamento anual estimado em R$ 370 milhões, o que se percebe na gestão municipal da cidade do sul fluminense é que o governante se encontra cada vez mais distante do então candidato que dizia que “dinheiro tem, o que falta é gestão”.

Isso se pode notar na falta d’água em diversos bairros da cidade nos últimos dias. O que levou uma moradora da Vila Niterói ao desespero com a presença de um único caminhão-pipa para o abastecimento de diversas casas.

“Pelo amor de Deus prefeitura de Itatiaia, não aguentamos mais ficar sem água. Aí me envia um caminhão-pipa pra milhões de casa aqui na Niterói, nunguém aguenta mais ficar sem água”, desabafa a moradora.

Para assistir ao vídeo da moradora, clique nesse link.

O caminhão que aparece no vídeo é identificado como pertencente à empresa terceirizada da prefeitura de Itatiaia Multilimp.

Segundo relatos de servidores da prefeitura que pediram para não serem identificados, nos dias que antecederam a falta d’água na cidade, um representante da empresa teria sido visto ostensivamente transitando nos corredores da prefeitura, em direção a salas de secretários e, inclusive, ao gabinete do prefeito.

Em três contratos firmados ou prorrogados pelo governo do atual prefeito, a Multilimp ultrapassa R$ 3,3 milhões por ano. O que ainda não inclui o fornecimento de caminhões pipa.

O primeiro e maior deles foi firmado pelo governo Irineu em fevereiro desse ano no valor de R$ 1.599.996,65 por 12 meses em serviços de “manutenção de redes de esgoto”.

Para conferir o boletim oficial 048/2023 na íntegra, clique nesse link.

O segundo maior (50/2022), de março de 2022, foi aditados duas vezes em março desse ano, um para retificação do objeto e outro para reajuste do valor total, que passou a ser de R$ 955.396,83 por 12 meses para execução de um serviço bem semelhante ao definido no contrato 069/2023).

Para conferir o boletim oficial 062/2023, clique nesse link.

O terceiro (001/2019) foi aditado pela sexta vez em janeiro desse ano com o valor de R$ 789.635,76 para manutenção de sistemas de tratamento afluentes e limpezas de elevatórias nas ETEs das vilas de Maringá e Maromba por mais 12 meses.

Para conferir o boletim oficial 022/2023, clique nesse link.

Irineu, que preferiu jorrar milhões em contratos milionários, declarou em um programa de rádio que pretende privatizar a água de Itatiaia. O que significa dizer que os moradores terão mais um boleto para pagarrem todos os meses. Para conferir essa matéria, clique nesse link.

Outra terceirização, essa já confirmada para ser licitada no início de outubro, é a concessão por 20 anos para serviços de guincho e custódia de carros apreendidos em blitz. Nesse caso, a prefeitura pretende prender em média 900 veículos por mês e os motoristas terão que pagar a conta do reboque e do pátio para evitarem que seus veículos sejam vendidos a leilão. Para acessar essa matéria, clique nesse link.