Sitiada de contratos milionários, alguns envolvendo denúncias de suspeita de superfaturamento e, inclusive, fraude em processos licitatórios mediante pagamento de propina, a gestão do prefeito de Itatiaia, Irineu Coelho, pode ter usado mais de R$ 1,1 milhão do dinheiro do povo da cidade do sul fluminense para contratar, sem licitação, uma empresa supostamente vinculada ao ex-prefeito de Resende José Rechuan, em troca de apoio político na corrida eleitoral deste ano, segundo uma denúncia protocolada no Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, o MPRJ, na semana passada.
O suposto acordo para a contratação do laboratório de análises clínicas JA envolve o secretário de Saúde de Itatiaia Luiz Saldanha, que é ligado ao prefeito de Resende, Diogo Balieiro, aliado de Irineu. Indicado por Balieiro, Luizão, como o secretário é popularmente conhecido, atuou como diretor da Santa Casa de Resende até setembro de 2022, quando foi indicado por Diogo a Irineu. Porém, em uma entrevista de rádio na semana passada, Rechuan deixou escapar que ele também pode ter ligações antigas com Luizão e outro nome ligados ao governo de Diogo Balieiro.
Segundo a denúncia, a contratação da JA “aconteceu em junho do ano passado, quando o contrato anterior, com o laboratório Túlio Rezende (02/2018) já se encontrava com seu sexto aditamento vencido havia dois meses. Essa contratação da JA, como se não bastasse a ausência de licitação, ainda superou em mais de 60% o preço do contrato anterior, ou seja R$ 519 mil por seis meses ante um valor proporcional de R$ 315 mil pagos ao Túlio Rezende”.
“Em dezembro de 2023, mesmo tendo seis meses para fazer uma licitação, a prefeitura de Itatiaia celebrou um novo contrato, pagando ainda mais caro, R$ 592 mil por mais seis meses”, diz a denúncia.
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Segundo as informações levadas ao conhecimento do MP, a JA pertence a Rafael Chiesse, genro do ex-prefeito de Resende José Rechuan.
“Curisamente, depois da celebração da segunda contratação da JA sem licitação, Rechuan tem usado frequentemente as redes sociais para manifestar apoio político à gestão do prefeito de Itataia, Irineu Nogueira. Esse apoio escancarado de apoio político de Rechuan a Irineu depois de a empresa do genro do ex-prefeito ser agraciada em uma contratação milionária sem licitação é uma clara evidência de uso do dinheiro público na compra de apoio político”, ressalta a denúncia.
As informações levadas ao conhecimento do MP dão conta de outros possíveis agravantes. Um deles seria a suposta quarteirização de serviços para outro laboratório, o Ferreira Passini, e “uso de recursos e funcionários públicos na coleta e envio das amostras ao Ferreira Passini, ou seja, a JA estaria servindo apenas como uma empresa de fachada, para emissão de notas fiscais e recebimento”.
Segundo a pessoa denunciante, Rechuan foi a um programa de uma rádio em Itatiaia na semana passada para rasgar elogios a Luiz Saldanha, que foi quem assinou a contratação da empresa do genro dele, a JA.
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Balieiro “fantoche” de Rechuan
Afeito a posar como pai dos pobres nas redes sociais tirando proveito dos “pedintes” que se proliferaram em Resende nos últimos anos, em boa parte pela política assistencialista e quase nenhum desenvolvimento econômico, Diogo Balieiro, quem diria, pode estar prestes a se transformar em uma espécie de “fantoche” de um acordão que envolve Rechuan, Irineu e supostamente agentes políticos do próprio ninho de Balieiro, como o deputado estadual Tande Vieira.
Pelo menos essa é a informação que circula nos bastidores políticos das duas cidades do sul fluminense. Uma negociação que estaria a todo vapor para promover o “casamento de Irineu com Kaio Márcio Paiva”, atual diretor da Santa Casa de Resende que se mudou para Itatiaia para concorrer ao Executivo municipal supostamente apoiado por Balieiro, mas que poderá ser vice na chapa de Irineu, com a “benção” de Tande.
No entanto, há quem diga que o possível candidato à prefeitura de Resende apoiado por Diogo Balieiro, o secretário de Saúde Jayme Neto, deve voltar para o ninho de Rechuan caso consiga êxito na corrida eleitoral desse ano. Isso porque, há quem diga, que um familiar muito próximo ao pré-candidato foi o presidente do extinto DEM, partido pelo qual Rechuan venceu a eleição municipal em 2008 e que esse mesmo parente teria ocupado cargos estratégicos na administração do ex-prefeito, inclusive a chefia de gabinete. Por isso, garantem os bem informados, Jayme pode “dormir com Diogo e acordar com Rechuan”.
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