Resende e Itatiaia: Instituto que concedeu prêmio ostentado por Diogo Balieiro e Irineu acumula enxurrada de processos e investigações do MP em contratos públicos

Possivelmente tentado se promover politicamente antes da largada para a corrida eleitoral deste ano, os prefeitos de Resende, Diogo Balieiro, e de Itatiaia, Irineu Coelho, a exemplo de diversos outros políticos do Rio de Janeiro e de outros estados brasileiros, usaram as redes sociais para ostentar o recebimento do prêmio Cidades Excelentes, concedido pelo Intituto Aquila, uma empresa de consultoria, em parceria com a Band.

Enquanto Irineu ostentou o prêmio por desenvolvimento socieconômico, Diogo fez pirotecnia com o prêmio em Educação, embora o próprio Instituto Aquila admita que usa “ferramentas próprias” para avaliar as cidades. Caso não fosse esse o caso, provavelmente Balieiro e Irineu não tivessem motivos para comemorar.

Farra dos prêmios à parte, o Instituto Aquila é marcado por processos e investigações que envolvem contratos com prefeituras, câmaras e outros órgãos Brasil afora. Isso foi o que motivou um artigo publicado em 2017 pelo jornalista Orlando Costa a respeito de “problemas com a empresa”, que naquela ocasião havia fechado um contrato de gestão de R$ 1,8 milhão com a prefeitura de Olímpia (SP).

O Instituto Aquila-Consultoria Internacional, com sede no Brasil em Belo Horizonte, parece repetir um ritual em todas as frentes que atua, sejam pequenos municípios, sejam médios ou grandes, inclusive com preços parecidos”, escreveu Orlando Costa.

O jornalista citou outros casos envolvendo o instituto Aquila. Um deles sobre um contrato de R$ 1,176 milhão com a prefeitura de Brusque (SC) sem licitação para instalação de um novo software de gestão pública, denunciado ao Ministério Público, e outro de R$ 2 milhões em Palmas (TO), que também acabou em investigação pelo MP.

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Em 2022 o Aquila também foi alvo de uma denúncia ao Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais, TCEMG, alvo de uma CPI em Divinópolis envolvendo suposta compra superfaturada de itens para a secretaria de Educação da prefeitura da cidade mineira.

Para ler a matéria completa no G1, clique nesse link.

A ação do MP e do TCERJ acabou travando um rombo que poderia chegar a R$ 35 milhões aos cofres de Divinópolis por um contrato cuja finalidade até hoje é desconhecida, mas que chegou a render um faturamento de quase R$ 1 milhão ao Instituto.

Para ler a reportagem do site G37 sobre esse assunto, clique nesse link.

Uma pesquisa rápida pelo site de processos judiciais Jusbrasil também da uma ideia das dezenas de processos que envolvem o Aquila em contratos públicos.

Comemorar o que prefeito?

O tentativa de truque de marketing de Balieiro e Irineu com o prêmio do Aquila revoltou Resende e Itatiaia. No caso de Resende, a Educação está mal pelos dados oficiais Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, o Ideb, que não foi considerado pelo Aquila. Porque o Instituto escolhe os vencedores a partir de uma ferramenta própria, chamada de IGMA, e não os dados oficiais.

Pelo Ideb, a Educação no Estado do Rio de Janeiro é a pior da Região Sudeste, de acordo com uma reportagem do G1 a partir dos dados oficiais.

A média do estado do Rio ficou em 5,3 em 2022, mas Resende, embora tenha ficado acima da média estadual nos primeiros anos (5,8), caiu e muito nos anos finais (4,7) pelos dados oficiais.

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Obras de fachada

Balieiro se concentra em obras de fachada que pouco contribuem para o desenvolvimento humano e profissional das pessoas, tampouco a geração de emprego e renda, a não ser a promoção pessoal do alcaide. A cidade do sul fluminense está estagnada economicamente. Investidas policiais sobre usuários de drogas e moradores em situação de rua em Resende se tornaram frequentes nos últimos anos.

Os bairros da região central da cidade do sul fluminense se encontram tomados por essas pessoas. Problema que também é percebido na frente de estabelecimentos comerciais e sinais de trânsito , onde essas pessoas pedem dinheiro ou tentam vender pequenas mercadorias, como doces e chocolates.

Em boa medida, a empobrecimento de Resende, que no passado era uma espécie de locomotiva do desenvolvimento do sul fluminense, deve-se ao fato de Diogo Balieiro ter promovido uma governo assistencialista, voltado à reformas consideradas de maquiagem de prédios públicos e a concessão de pequenos favores à população, que se tornou cada vez mais dependentes das migalhas do político. Um ciclo vicioso que favoreceu o populismo do político, mas que atingiu em cheio o crescimento humano e profissional dos moradores da cidade do sul fluminense.

Resende está estagnada na geração de empregos em praticamente todos os setores segundo um gráfico disponibilizado pelo Sebrae RJ a partir de dados do Ministério do Trabalho.

De acordo com o documento, o setor de serviços sofreu queda, que foi compensada com ligeiro avanço da indústria enquanto o comércio permaneceu praticamente parado.

O marasmo da economia da cidade do sul fluminense também encontra lastro na política adotada pela administração de Diogo Balieiro, que optou por um modelo assistencialista centrado na promoção pessoal do político através da concessão de pequenos favores, que desfavoreceram o desenvolvimento humano e profissional dos moradores, reféns das migalhas do prefeito. Essa dependência coincidiu com empobrecimento da população nos últimos anos e a abertura de diversos bolsões de pobreza, que podem atrapalhar Balieiro em emplacar Tande na corrida eleitoral desse ano.

Por outro lado, além do desemprego e da escalada da violência, Diogo também terá poucos argumentos para atrair os serviços concursados, que aguardavam 10% de aumento salarial retroativos a janeiro. Desarranjo econômico e financeiro que também deixa sem pouso o diretor da Santa Casa de Resende, Kaio Paiva, que se mudou recentemente para Itatiaia supostamente para disputar a eleição desse ano, já que Balieiro estaria de olho na arrecadação da cidade vizinha. O que acontece depois de o alcaide ter afundado Resende em uma dívida de R$ 311 milhões.

Migalhas já não convencem

Afeito a usar as redes sociais para se promover tirando proveito do estado de empobrecimento da população de Resende nos últimos anos, em boa parte por causa de uma política que favoreceu o desemprego, aumento dos bolsões de pobreza e proliferação da violência nos últimos anos, Diogo Balieiro estaria “provando do próprio veneno”.

Para se ter uma ideia da estagnação econômica de Resende nos últimos anos, dados divulgados no final de fevereiro pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelaram que a cidade do sul fluminense possui cerca de 43,5 mil empregos formais, 32,9% de uma população de 129,6 mil pessoas apuradas em 2021. Ano em que a pesquisa identificou 32,4% de pessoas vivendo com meio salário mínimo, ou menos, por mês. Essa maioria engloba desempregados, população em situação de pobreza e os que ainda não estão no mercado de trabalho, entre outras categorias.

A cidade do sul fluminense possui uma posição tímida no comparativo com os outros 91 municípios do estado do Rio de Janeiro, já que Resende é apenas a 25ª colocada em empregabilidade, a terceira entre os quatro municípios da região das Agulhas Negras, e a 233ª do Brasil.

A partir de dados do IBGE, o portal Caravela identificou que Resende é uma cidade que pode ser considerada estagnada quando o assunto é a geração de novos empregos. Em 2023, o número de contratações e de demissões foram quase os mesmos, 13,9 mil admissões de 13,5 mil demissões, saldo de apenas 455 novos postos de trabalho durante todo o ano. O que coloca Resende entre as piores cidades no ranking estadual e nacional.

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Obras de fachada de Irineu

Irineu, que também aposta em obras de fachada após mais de dois anos de gestão e cerca de R$ 700 milhões arrecadados, se aproxima da reta final de seu fatídico mandato com um possível crime ambiental contra a fauna da região do Parque Nacional.

A localidade conhecida como Campo Belo ganhou destaque esta semana por causa de vídeos que mostram seis porcos do mato mortos em um local de captação de água potável, servida à população da cidade do sul fluminense.

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