Pela contratação, a prefeitura de Resende pode pagar, por exemplo, R$ 10.118 por uma viagem de R$ 2.100 de ida e volta ao Rio de Janeiro

Uma busca rápida por preços de fretamentos de micro-ônibus retorna valores entre 6 reais e 9 reais por quilômetro rodados. A considerar o menor valor, já que o preço é menor quando a quilometragem contratada é maior, pela lei de mercado, uma contratação que acumule 80.000 rodados custaria R$ 480.000.

Porém, o governo do prefeito de Resende, Diogo Balieiro, resolveu aderir a um registro de ata de preços cujo valor por quilômetro rodado pode sair ao bolso dos contribuintes de Resende R$ 2.312.600 pelo fretamento de um micro-ônibus que pode percorrer os mesmos 80.000 quilômetros, a depender da prefeitura.

Isso quer dizer que a empresa, a A & S Agenciamento Turístico, deve embolsar R$ 28,91 por quilômetro rodado, ou seja, 380% a mais que o valor de mercado de varejo. Para se ter uma ideia da discrepância entre o valor de mercado e o que a prefeitura de Resende se propõe a pagar, enquanto um fretamento de micro-ônibus de ida e volta de Resende para o Rio de Janeiro com quilometragem total de 350 quilômetros, feito por uma empresa cobrando o preço de varejo (R$ 6 por km), sai ao preço de R$ 2.100, a mesma viagem feita pela A & S à prefeitura de Resende, sai a R$ 10.118.

A contratação da A & S parece ser mais um mistério nos subterrâneos do governo de Balieiro pela falta de informações no portal da transparência. O caso é semelhante aos R$ 14,2 milhões repassados este ano à Apmir (Associação de Proteção à Maternidade e à Infância de Resende) e os R$ 37,7 milhões em verba pública repassados à Santa Casa, ambos sem detalhamento do uso dos recursos no porta da transparência.

Em final de mandato, Diogo Balieiro já é o responsável pelo maior rombo financeiro das finanças de Resende, que acumulou em setembro uma dívida de R$ 322,9 milhões, 35% da receita corrente líquida, segundo dados divulgados pela própria prefeitura.