O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, o MPRJ, recebeu recentemente mais documentos que comprovariam a utilização de recursos públicos na realização de um show de samba que aconteceu no início de dezembro do ano passado no Alphapark, um centro gastronômico localizado em uma área nobre do Bairro Jardim Ipiranga, em Resende.
De acordo com os documentos anexados à denúncia, além de toda a infraestrutura montada no local para um show do artista local Diogo Senna entre outras atrações do projeto “Aqui Tem Samba”, que conta com a participação da prefeitura e da Câmara Municipal, o músico recebeu um cachê de R$ 10 mil. Informação que chegou a ser negada na ocasião pelo presidente da Macedo Miranda, Thiago Zaidan, que usou o microfone para dizer que o cachê de Senna seria de três cervejas Heineken.
Assista ao vídeo.
A denúncia lembrou que a utilização dos recursos públicos fomentou o lucro dos restaurantes no local em detrimento da Cultura e que “para piorar, ainda contou com a presença do prefeito, Diogo Balieiro, e teve entre seus divulgadores o presidente da Câmara, o vereador Sandro Ritton”.
O MP ainda deve receber mais documentos nos próximos dias sobre a farra com o dinheiro do povo no Alphapark, segundo uma fonte.
Bife de ouro do pastor Cláudio Duarte
O MP também deve tomar conhecimento nos próximos dias de outra possível “estripulia” de Balieiro com o dinheiro do povo de Resende. Nesse caso relacionada à contratação, sem licitação, do pastor Cláudio Duarte, por R$ 80 mil, supostamente 300% acima da média das palestras ministradas por ele. O religioso esteve em Resende no começo de outubro do ano passado durante a Exapicor, festa do aniversário de 222 anos de Resende, celebrado no dia 29 de setembro. Na ocasião, o pastor fez uma stand up na Exapicor e ainda foi condecorado pela Câmara de vereadores com direto a um agradecimento feito pelo prefeito ao vereador Roque Cerqueira, que teria intermediado a presença de Cláudio Duarte, obviamente sem mencionar o “preço de ouro” o qual o palestrante foi contratado.
Além de embolsar os R$ 80 mil sem licitação dos cofres do município do sul fluminense, pastor Cláudio Duarte, na noite do dia 3 de outubro, véspera de sua apresentação na Exapicor, ainda foi agraciado pela Câmara de vereadores com uma moção de louvor, indicada pelo vereador Roque Cerqueira, e uma comenda de Destaque da Liderança Religiosa, concedida pela Mesa Diretora da Casa Legislativa.
Ao que tudo indica, cachês gordos como os de Resende andam fazendo bem ao bolso do pastor, que, pelo ,andar da carruagem, também gosta de ostentar. É o que se pode ver em um vídeo publicado nas redes sociais esta semana em que pastor Cláudio Duarte saboreia um bife temperado a ouro avaliado em R$ 9.000 mil a unidade.
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Cercados pela violência e comendo migalhas
Resende, pode-se dizer, é uma cidade decadente segundo o relato de moradores antigos.
“Hoje vejo uma cidade que parou no tempo, as pessoas estão mais pobres, sem perspectivas, sem desenvolvimento econômico, sem políticas para tirar as crianças e jovens das ruas. Estamos perdendo eles para as facções, as famílias estão cada vez mais carentes, aquela Resende que era a locomotiva do sul fluminense não existe mais. Hoje o povo precisa correr de pires na mão atrás do prefeito”, diz um morador da região da Grande Alegria, que pede para não ser identificado por meido de retaliação.
A sabedoria do morador também pode ser conferida por dados oficias dos últimos levantamentos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre a mortalidade infantil na cidade do sul fluminense. Segundo o IBGE, Resende possuía 8,83 óbitos por mil nascidos vivos em 2015, número que chegou a aumentar mais de 100% no segundo ano da administração de Diogo Balieiro, para 17,19 óbitos a cada mil nascidos vivos em 2018 e 13,13 em 2020.
Pra onde está indo o dinheiro, prefeito?
Ainda segundo os dados do IBGE, Resende arrecadou mais nos últimos anos já que o PIB per capita, que mede a arrecadação da cidade pela divisão do número de habitantes, cresceu de R$ 50,2 mil em 2016 para R$ 80,7 mil em 2021.
Porém, apesar de ter entrado mais dinheiro, a atual gestão municipal empobreceu as finanças do município. Tanto que Resende relatou no final do ano passado R$ 311 milhões de endividamento em sua receita corrente líquida, ou seja, quase 50% de tudo que o município arrecada. Mesmo assim, o prefeito ainda solicitou em outubro mais um de seus diversos empréstimos bancários, de R$ 25 milhões na ocasião.
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Pedintes de Diogo Balieiro
Porém, os empobrecidos cidadãos resendenses dos últimos anos pelo desemprego e endividamento da cidade que não estão dentro da “gaiola de Diogo Balieiro” sofrem por causa do favorecimento dos que são forçados a comerem, e se contentarem, com as migalhas do alcaide. Foi o que parece ter acontecido há alguns dias com uma moradora da cidade vizinha de Porto Real, que buscou atendimento no Hospital de Emergência de Resende, onde não havia médico para a retirada de um corpo estranho que havia caído no olho dela. Porém, a mesma afirma ter conseguido atendimento através do contato direto do prefeito, Diogo Balieiro, que é oftalmologista.
“Está ai a prova, não sou moradora de Resende e ainda fui atendida pelo prefeito da cidade”, disse a moradora.
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