CTB e Conlutas se uniram para ajudar a eleger Chapa 2 em 2022; presidente fica isolado contra outros membros da Executiva
O Sindicato dos Metalúrgicos do Sul Fluminense está mergulhado em uma crise pela disputa do poder. O confronto é entre as centrais sindicais CTB (Central de Trabalhadores do Brasil) e a Conlutas. Em 2022, as centrais se uniram na campanha que levou a Chapa 2, encabeçada por Edimar Miguel, ao comando da entidade. Ambas contribuíram para a campanha. As informações usadas pela reportagem foram obtidas em mensagens trocadas em grupos de WhatsApp do sindicato.
O início da discórdia
Segundo apurado DIÁRIO DO VALE, logo depois da posse, começaram as divergências entre as duas centrais. Os então aliados, agora adversários de Edimar, queixam-se de que ele teria trazido a mulher e a filha para trabalharem na entidade. Houve, inclusive, queixas de possíveis atos autoritários do presidente.
Instalou-se uma “guerra” de decisões e de afirmações em grupos de troca de mensagens do sindicato. Edimar acabou isolado contra os seis outros diretores executivos, que formam o chamado “Grupo dos Seis”.
A CTB estaria apoiando Edimar, enquanto seus adversários estariam ligados à Conlutas, central que foi apresentada ao grupo, que dirige o sindicato, por Tarcísio Xavier. Este, contudo, acabou se afastando da central.
O dinheiro do Jurídico
Um dos motivos alegados pelo ‘Grupo dos Seis’ para o rompimento com Edimar seria o fato de uma empresa de advocacia ter se tornado responsável pelos processos trabalhistas movidos pelo sindicato contra empresas do setor metalúrgico.
A demissão de Tarcísio Xavier
Alguns diretores executivos adversários de Edimar veem sua ligação com o assessor jurídico Tarcísio Xavier como fonte de algumas das decisões de que eles discordam. Eles decidiram demitir o advogado. No entanto, Edimar invocou um artigo do estatuto que confere a ele a prerrogativa de tomar as decisões relativas a pessoal e decidiu reverter a demissão.
A partir desse posicionamento, integrantes do chamado “Grupo dos Seis”, que junta seis dos sete integrantes da Diretoria Executiva (com a exceção de Edimar), afirmaram terem a intenção de reformar o estatuto para limitar os poderes do presidente, o que exigiria aprovação em Assembleia Geral.
A ‘guerra’ dos saques
O confronto extrapolou os limites da entidade no fim da semana passada, com a distribuição de um boletim em que o presidente da entidade, Edimar Miguel, cobra do diretor de Finanças, Alex Sandro da Silva, a prestação de contas sobre 142 saques, totalizando cerca de R$ 670 mil, feitos na “boca do caixa”, desde que a atual diretoria assumiu, em dezembro de 2022.
Alex Sandro respondeu, em vídeo, afirmando que Edimar sabia dos saques, e que eles eram feitos para cobrir despesas da entidade, apresentando recibos de pagamentos feitos à mulher e à filha do presidente, o que irritou Edimar.
O presidente pediu ao banco o cancelamento do cartão corporativo que Alex Sandro usava para fazer os saques, e pediu que fossem emitidos talões de cheques, que precisarão das assinaturas do presidente e do diretor de Finanças para serem válidos.
O problema é que a demora em fazer e descontar um cheque pode custar caro ao sindicato: endividada, a entidade é alvo de diversos bloqueios judiciais e, se qualquer entrada de recurso demorar a ser sacada, pode ser ‘sequestrada’ antes que o sindicato consiga ter acesso a ela.
A reunião
O diretor de Finanças, Alex Sandro da Silva, aparece, junto com o diretor Jurídico, Leandro Vaz, e o diretor de Saúde, Maurício Faustino, em um vídeo publicado nas redes sociais do sindicato, convocando a categoria para uma reunião às seis horas de quarta-feira (28), para discutir PLR e campanha salarial.
A convocação, contudo, não é de uma assembleia geral. Assim, não tem as formalidades comuns a esse tipo de evento, como publicação do edital em jornal de grande circulação, mas as discussões da reunião também não têm efeito legal.
Por: Diário do Vale