O prefeito de Resende, Diogo Balieiro, ao que tudo indica não perdoou nem os idosos na sanha do alcaide em promover o secretário de Saúde do município, Jayme Neto, apontado como possível nome indicado por Balieiro à sucessão.
“Um programa do município, uma obrigação prevista em lei para com os idosos usada como peça de propaganda. Isso é um absurdo, é se aproveitar das pessoas usando o dinheiro público”, diz uma moradora que prefere não ser identificada.
A investida junto aos idosos não é caso isolado. Em fevereiro, Diogo e Jayme Neto também foram alvo de questionamentos por supostamente terem tirando proveito da queda da uma tromba d’água na região de Visconde de Mauá. Foi o que relatou R.N.P que pediu para não ser identificada dizendo que “tudo que fiz foi por amor ao próximo, seguindo os ensinamento de Nosso Senhor Jesus Cristo”, quando a empresária de Volta Redonda (RJ) chegava com a irmã a Visconde de Mauá para um retiro espiritual durante o Carnaval. Quando ela testemunhou o transbordamento do Rio Preto.
“Começou ali a minha missão ao lado da minha irmã, viramos a madrugada ajudando a socorrer as pessoas”, contou.
Mais tarde, R.N.P revelou a chegada de duas pessoas acompanhadas de outras que as seguiam e registravam tudo que faziam.
“Depois da tromba d’água e dos feridos, aquela foi a coisa mais dantesca que eu presenciei naquela noite porque eu percebi que eles estavam tirando proveito da tragédia, da dor das pessoas para se promoverem”, revela.
R.N.P afirma que nos primeiros instantes não tinha percebido que os dois médicos que eram fotografados e filmados enquanto atendiam as pessoas eram o prefeito e o secretário de Saúde de Resende, Diogo Balieiro e Jayme Neto, que é pré-candidato a prefeito de Resende.
“No outro dia fui acompanhar as redes sociais em grupos de Resende e os dois estavam lá se promovendo em cima da dor das pessoas, tirando proveito político da tragédia, transformando a tromba d’água em palanque eleitoral”, completa.
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Migalhas já não convencem
Afeito a usar as redes sociais para se promover tirando proveito do estado de empobrecimento da população de Resende nos últimos anos, em boa parte por causa de uma política que favoreceu o desemprego, aumento dos bolsões de pobreza e proliferação da violência nos últimos anos, Diogo Balieiro estaria “provando do próprio veneno”.
Pelo menos é isso o que dizem os conhecedores da política local ao explicarem que a onda populista surfada pelo político até um passado recente, através da distribuição de “migalhas aos pedintes” da cidade do sul fluminense em grupos de rede social, que deixou essa camada fragilizada da população “refém do prefeito”, pode agora estourar nas costas do alcaide, que endividou Resende em mais R$ 311 milhões, quase 50% da receita corrente líquida do município, e estaria com dificuldade para emplacar os nomes de Jayme Neto e Kaio Márcio, pré-candidatos a prefeito de Diogo em Resende e Itatiaia respectivamente.
Para se ter uma ideia da estagnação econômica de Resende nos últimos anos, dados divulgados no final de fevereiro pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelaram que a cidade do sul fluminense possui cerca de 43,5 mil empregos formais, 32,9% de uma população de 129,6 mil pessoas apuradas em 2021. Ano em que a pesquisa identificou 32,4% de pessoas vivendo com meio salário mínimo, ou menos, por mês. Essa maioria engloba desempregados, população em situação de pobreza e os que ainda não estão no mercado de trabalho, entre outras categorias.
A cidade do sul fluminense possui uma posição tímida no comparativo com os outros 91 municípios do estado do Rio de Janeiro, já que Resende é apenas a 25ª colocada em empregabilidade, a terceira entre os quatro municípios da região das Agulhas Negras, e a 233ª do Brasil.
A partir de dados do IBGE, o portal Caravela identificou que Resende é uma cidade que pode ser considerada estagnada quando o assunto é a geração de novos empregos. Em 2023, o número de contratações e de demissões foram quase os mesmos, 13,9 mil admissões de 13,5 mil demissões, saldo de apenas 455 novos postos de trabalho durante todo o ano. O que coloca Resende entre as piores cidades no ranking estadual e nacional.
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Tirando proveito dos empobrecidos
Em fevereiro, o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, MPRJ, recebeu uma denúncia de utilização dos recursos públicos de Resende para promoção pessoal e propaganda eleitoral antecipada envolvendo Diogo Balieiro e Jayme Neto, justamente em cima dessa população “depenada” por essa política assistencialista do alcaide.
Segundo a denúncia, a presença dos dois médicos nas unidades de saúde do município se intensificaram nos últimos meses, com a aproximação do pleito do começo de outubro. Porém, a dupla está sempre acompanhada e um cargo comissionado ou alguma pessoa que seja ligada a eles, responsáveis por difundirem a atuação dos políticos nas redes sociais.
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Denúncia de compra de votos
No final de janeiro, Kaio Márcio, que ocupa a diretoria da Santa Casa de Resende e que teria se mudado recentemente para Itatiaia para tentar “abocanhar” o controle da prefeitura sendo cacifado por Diogo, foi citado em uma denúncia ao MP depois que compareceu, em horário em que deveria estar trabalhando, no Ciep Ezequiel Freire em Itatiaia ao lado do deputado estadual Tande Vieira, supostamente em um gesto de campanha eleitoral antecipada.
“Da mesma forma, o mesmo é citado pela no instagram por Angélica Alvarenga como tendo utilizado os recursos da Santa Casa para atendimento da mãe dela Alice Maria de Alvarenga Silva. Isso prova que Kaio Márcio está utilizando recursos públicos da Santa Casa de Resende para compra antecipada de votos por meio de atendimentos médico-hospitalares, o que requer uma ação rápida e precisa deste respeitável Ministério Público”, diz a denúncia.
A suposta compra de voto por meio de atendimento de saúde teria acontecido há alguns dias para a mãe da diretora do Ciep Angélica Alvarenga, Maria Alice Alvarenga, ambas citadas na denúncia.
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Classe média de Resende está “depenada”
A pujante classe média dos tempos áureos de Resende, quem diria, deu lugar a uma maioria de “depenados”. Pelo menos é isso que dizem os observadores mais atentos da política local, que acompanharam de perto o enfraquecimento da economia do município nos últimos anos, em boa parte pelo que parece ter sido uma estratégia de Diogo Balieiro em criar uma legião de “depenados e dependentes”, por causa do empobrecimento que atinge em cheio a cidade do sul fluminense.
“Resende está estagnada, as pessoas estão sobrevivendo ou próximas à linha da pobreza, os estabelecimentos comerciais estão fechando suas portas. O prefeito criou uma legião de pessoas que passam o dia com o pires na mão atrás dele pelos canais de rede social. Muita gente, inclusive da classe média, está nesse grupo por uma situação fomentada por ele próprio, porque as pessoas viraram reféns dele, das esmolas dele”.
“Ele reformou prédios públicos que estavam seminovos, pintou o que já estava pintado, muito dinheiro jogado fora, banheiro que custaram R$ 150 mil, escolas pintadas por quase R$ 1 milhão. Então, a cidade foi ficando pobre, as pessoas, incluindo a classe média, foram ficando pobre. Eu, inclusive, que precisei fechar meu comércio. Enquanto isso, o prefeito fez todo mundo ‘comer na mão dele’: uma consulta aqui, um exame acolá. Só que as pessoas não querem viver de esmolas e isso que ele está fazendo com as pessoas, está deixando elas “passarem fome” pra oferecer meio prato de comida”, desabafa.
O que a moradora argumenta também pode ser comprovado por número, já que a administração de Diogo Balieiro endividou a cidade em quase 50% de sua receita corrente líquida, R$ 311 milhões no final do ano passado.
Empobrecida e violenta
O aumento da violência tem como um de seus principais vetores o empobrecimento das pessoas, a falta de investimentos do poder público no desenvolvimento humano e social. O é percebido em Resende, que está acima da média nacional em homicídios intencionais de acordo com dados do Anuário Brasileiro de Segurança Publica 2023, já que Resende possui 39,8 mortes violentas intencionais por 100 mil habitantes enquanto a média no Brasil é de 22,3.
Enquanto Resende agoniza, a prefeito ainda tenta se promover em cima de luminárias com suspeita de superfaturamento. Para ler sobre esse assunto clique nesse link.