A dívida consolidada de Resende chegou a R$ 314,7 milhões no primeiro semestre de 2024. Segundo dados da própria prefeitura, esse montante representa quase 50% da receita corrente líquida do município do sul fluminense, de 873,1 milhões, e 36% do valor estimado para este ano, cerca de R$ 1 bilhão.
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O aumento da bolha financeira do município coincide com diversos empréstimos bancários contraídos pelo prefeito Diogo Balieiro, o mais recente no final de 2023 em R$ 25 milhões.
O endividamento do município também coincidiu com o que se apresenta como um festival de terceirizações de equipamentos e serviços na área da saúde. O que também esvolve R$ 100 milhões em repasses à Santa Casa, ocultos do Portal da Transparência e encobertos no final de 2023 por uma determinação atribuída a Balieiro, que teria orientado os vereadores de sua base a reprovar um requerimento do vereador Thiago Forastieri que pretendia lançar luz sobre essas verbas. O que também é objeto de uma denúncia feita Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, o MPRJ.
Contratos supostamente superfaturados
O maior rombo da história, além do cheiro de enxofre escondido nos repasses à Santa Casa, também coincide com algumas contratação que andam fazendo torcer o nariz dos observadores mais atentos.
Um deles o da empresa de informática Custom, alvo de denúncia de propina em Itatiaia e detentora de um contrato com sobrepreço de 10.000% em relação à serviços semelhantes contratados por outras prefeituras.
Outro caso recente foi a construção de uma escola para autistas originalmente criada pelo ex-prefeito José Rechuan com um sobrepreço de 65% em relação a um unidade de uma cidade com uma população três vezes maior.
Atolada no desemprego, violência e migalha
Recentemente, produtores rurais da área rural de Resende conhecida como Boca do Leão usaram as redes sociais para tentar chamar a atenção do poder público local para as péssimas condições da estrada vicinal de acesso ao local. O que resultou no atolamento de um caminhão utilizado por eles na tentativa de tentar fazer o que a gestão do prefeito Diogo Balieiro não faz: melhorar as condições da estrada.
Para se ter uma ideia da estagnação econômica de Resende nos últimos anos, dados divulgados no final de fevereiro pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelaram que a cidade do sul fluminense possui cerca de 43,5 mil empregos formais, 32,9% de uma população de 129,6 mil pessoas apuradas em 2021. Ano em que a pesquisa identificou 32,4% de pessoas vivendo com meio salário mínimo, ou menos, por mês. Essa maioria engloba desempregados, população em situação de pobreza e os que ainda não estão no mercado de trabalho, entre outras categorias.
Outro dado preocupante vem do Instituto de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro (ISP) apontando que entre janeiro de 2022 e maio de 2023 o índice de letalidade violenta em Resende aumentou 58,8%. Esse percentual ajuda a explicar por que o município do sul fluminense foi um destaque negativo no Anuário Brasileiro de Segurança Publica 2023, levantamento que apontou que o município tem a maior taxa de mortes violentas intencionais da região: 39,8 por 100 mil habitantes enquanto a média nacional é de 22,3 por grupo de 100 mil.
Focada na distribuição de migalhas para a população empobrecida como forma de promover a imagem do prefeito nas redes sociais com ajuda dos asseclas do alcaide, em sua maioria pagos com o dinheiro público, a pujante classe média dos tempos áureos de Resende, quem diria, deu lugar a uma maioria de “depenados”. Pelo menos é isso que dizem os observadores mais atentos da política local, que acompanharam de perto o enfraquecimento da economia do município nos últimos anos, em boa parte pelo que parece ter sido uma estratégia de Balieiro em criar uma legião de “depenados e dependentes”, por causa do empobrecimento que atinge em cheio a cidade do sul fluminense.
Garras na arrecadação de Itatiaia
Ao que parece, o prefeito de Resende já não está certo de que conseguirá empurrar goela abaixo da população de Resende o pré-candidato dele, Tande Vieira. Tanto que Balieiro mandou para Itatiaia o pouco expressivo Kaio Márcio Paiva, que estaria em negociações para ser vice na chapa do atual prefeito, Irineu Coelho. O que pode ser um reflexo da alta taxa de desemprego, endividamento, violência e, ao mesmo tempo, ganância de Diogo sobre os estimados R$ 370 milhões da arrecadação de Itatiaia.