Quem transita pelos bastidores da política de Itatiaia garante que quase todos os contratos milionários feitos pelo prefeito Irineu Coelho, muito já denunciado ao Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, o MPRJ, têm o dedo, para não dizer a mão inteira, de Jaques Carvalho, que, segundo alguns conhecedores da política local, seria um dos principais “homens da mala” de Irineu.
Há quem diga que Jaques teria suado a camisa, mais do que nos tempos em que era jogador de futebol, para correr atrás de empresários a fim de “convencê-los” a não participarem do pregão presencial 07/2023, que inicialmente previa quase R$ 6,9 milhões em serviços de manutenção nas unidades de Saúde do município do sul fluminense. Certame que acabou vencido pela Construflex, uma empresa sediada em Japeri, na Baixada Fluminense, investigada pelo MP por formação de cartel.
Com a suposta ajuda de Jaques e o corpo mole dos vereadores, a Construflex acabou contratada em outubro pela bagatela de R$ 4,8 milhões em um contrato assinado pelo então secretário de Saúde e ex-diretor da Santa Casa de Resende Luiz Saldanha. Luizão, como ele é popularmente conhecido, chegou a Itatiaia por indicação do prefeito de Resende, Diogo Balieiro, e logo teria “feito amizade” com Jaques.
Jaques também estaria envolvido em um lobby junto aos vereadores de Itatiaia para aprovação de um pedido de remanejamento de verba de R$ 2,9 milhões para contratação de uma empresa de monitoramento por câmeras. Certame que estaria arranjado para ser fraudado em favor de uma empresa ligada ao chefe de gabinete de Irineu, Diego Gomes, e que estaria resultando em pressão e assédio contra o secretário de Ordem Pública de Itatiaia, Alexandre de Resende, por não aceitar participar do esquema, segundo denúncias feitas ao MP.
Todos no grupo de Rechuan e Tande
Na Santa Casa, Luizão foi sucedido por Kaio Márcio, que também acabou mandado por Diogo Balieiro para Itatiaia para a disputa da eleição desse ano. Isso porque, em 2022, começavam a acirrar os questionamentos sobre os repasses de verbas públicas à Santa Casa, que possui personalidade jurídica indefinida e cujos gastos não são detalhados no Portal da Transparência. O que representa um volume estimado de R$ 100 milhões gerenciados nos últimos anos pela dupla, que foi beneficiada em 2023 pela reprovação de um requerimento que pretendia investigar o detalhamento dos repasses, proposta abafada por determinação de Balieiro aos vereadores da base dele, segundo declarações do vereador Roque Cerqueira.
A intervenção na Santa Casa, cuja obscuridão conta com a vista grossa do deputado estadual e pré-candidato a prefeito de Resende Tande Vieira, embora tenha sido feita por Balieiro, foi idealizada por Rechuan. O que é mais um forte sinal da formação de um novo bloco político, liderado por Rechuan e Tande.
Jaques é apenas um exemplo desse grupo de Rechuan e Tande, que deve juntar Kaio e Irineu depois das eleições segundo os conhecedores da política local. Outro exemplo é o ex-vereador de Resende Kiko Besouchet, braço-direito de Rechuan e um dos possíveis homens fortes da campanha de Tande esse ano.
Por que Tande e Rechuan juntos
Possível representante do governo que levou as finanças de Resende à falência com o maior rombo da história do município do sul fluminense, R$ 314,7 milhões que representam quase 50% da receita corrente líquida informada pela própria prefeitura no primeiro quadrimestre de 2024, Tande, que sofreu uma derrota no final de semana, quando a Justiça Eleitoral barrou um comício e uma carreata clandestinos do político, além de outra recente pela determinação da Justiça Eleitoral de retirada de uma enquete fraudada por asseclas do pré-candidato, estaria determinado a aproveitar a corrida eleitoral desse ano para se livrar do desgaste que assola a atual administração municipal e que pode queimar o filme do deputado, se é que já não queimou.