Violência em Resende: Monitora de creche vai para o CTI, professores tomam rivotril e o prefeito tenta ludibriar a população

Um representante dos servidores da Educação do município de Resende usou as redes sociais para denunciar a violência sofrida pela categoria dentro das salas de aula e o descaso do governo do prefeito Diogo Balieiro no enfrentamento do problema.

Em um vídeo publicado nas redes sociais na semana passada, o profissional revelou que uma monitora da creche Menino Jesus, localizada no Bairro Contorno, encontrava-se internada no CTI após tentar se suicidar. O que teria acontecido depois de a servidora ter recebido ameaças da mãe de uma criança da creche.

Segundo ele, o problema é recorrente, os servidores trabalham sob pressão nas salas de aula, a mercê de violência física e verbal, e incluive tomam rivotril diariamente como paliativo da depressão.

Assista o vídeo na íntegra.

As declarações do professor foram ratificadas por meio de diversos comentários, que relatam crises de ansiedade e do pânico, depressão, falta de estrutura na rede para o cuidados dos autistas, assédio e falta de compromisso da administração municipal.

Calote de R$ 4 milhões no Fundeb

A falta de investimentos, de enfrentamento do problema da violência contra os servidores da educação de Resende também pode ser percebida na indiferença de Diogo Balieiro para com a categoria. No final do ano passado, por exemplo, o alcaide virou as costas para esses profissionais e decidiu não remunerar os profissionais com o excedente do Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação), um montante de R$ 4 milhões.

O calote de Balieiro no Fundeb, que também foi o mesmo do prefeito de Itatiaia, Irineu Coelho, poderia ter sido outro. Isso, caso Diogo Balieiro tivesse atendido a um pedido do vereador Thiago Forastieri.

Assista o vídeo de Thiago sobre o Fundeb.

Calote de 10% nos servidores

Os servidores da Educação estão entre os milhares de profissionais atingidos pelo calote de Diogo Balieiro nos funcionários públicos municipais este ano, já que o prefeito, apesar de uma arrecadação estimada de R$ 1 bilhão, não enviou o projeto para a Câmara.

Homicídios aumentam 58,8% em Resende

Números oficiais ajudam a explicar a violência com os profissionais da Educação. Sem emprego, sem políticas de desenvolvimento, capaci tação profissional, inclusão social e outras iniciativas do governo municipal, a gestão do prefeito Diogo Balieiro cruzou os braços nos últimos, sobretudo para com os jovens ,que ficaram a mercê do tráfico.

Dados do Instituto de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro (ISP) apontaram que entre janeiro de 2022 e maio de 2023 o índice de letalidade violenta em Resende aumentou 58,8%. Esse percentual ajuda a explicar por que o município do sul fluminense foi um destaque negativo no Anuário Brasileiro de Segurança Publica 2023, levantamento que apontou que o município tem a maior taxa de mortes violentas intencionais da região: 39,8 por 100 mil habitantes enquanto a média nacional é de 22,3 por grupo de 100 mil.

Prêmio de empresa investigada pelo MP

Possivelmente tentado se promover politicamente antes da largada para a corrida eleitoral deste ano, Diogo e Irineu Coelho, a exemplo de diversos outros políticos do Rio de Janeiro e de outros estados brasileiros, usaram as redes sociais para ostentar o recebimento do prêmio Cidades Excelentes, concedido pelo Intituto Aquila, uma empresa de consultoria, em parceria com a Band.

Enquanto Irineu ostentou o prêmio por desenvolvimento socieconômico, Diogo fez pirotecnia com o prêmio em Educação, embora o próprio Instituto Aquila admita que usa “ferramentas próprias” para avaliar as cidades. Caso não fosse esse o caso, provavelmente Balieiro e Irineu não tivessem motivos para comemorar.

Farra dos prêmios à parte, o Instituto Aquila é marcado por processos e investigações que envolvem contratos com prefeituras, câmaras e outros órgãos Brasil afora. Isso foi o que motivou um artigo publicado em 2017 pelo jornalista Orlando Costa a respeito de “problemas com a empresa”, que naquela ocasião havia fechado um contrato de gestão de R$ 1,8 milhão com a prefeitura de Olímpia (SP).

Promovendo Tande em cima da Violência

Possivelmente tentando cacifar o deputado estadual Tande Vieira, que é pré-candidato a prefeito de Resende, Diogo voltou a fazer estardalhaço na mídia local. Desta vez com a implantação de uma base da Polícia Militar no bairro Campos Elíseos, que é competência do governo do estado, mas que o alcaide tentou tirar vantagem da iniciativa eleitoreira.

Pelo menos é isso que dizem os observadores mais atentos, já que a gestão de Diogo, que afundou Resende em mais de R$ 311 milhões em dívidas, nada fez durante quatro anos à frente do Executivo local para promover a inclusão social, capacitação profissional e outras políticas públicas voltadas aos jovens, que durante esses anos ficaram a mercê do tráfico.