O deputado estadual e pré-candidato a prefeito de Resende Tande Vieira, que representa o grupo político que faliu a cidade do sul fluminense com R$ 314,7 milhões em dívidas e o maior rombo da história das finanças do município, ainda não acionou a Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), onde ele trabalha, para investigar onde e como a Santa Casa de Resende usou cerca de R$ 100 milhões em verbas públicas nos últimos anos, encobertos do Portal da Transparência.
Tande, cujo mandato de deputado estadual pouco acrescentou para Resende segundo os observadores da política local, estaria encobrindo aliados políticos que supostamente estariam por trás de empresas contratadas pelo ex-diretor da Santa Casa, Kaio Márcio Paiva, que estaria em negociações para ser vice na chapa do prefeito de Itatiaia, Irineu Coelho. Há quem dica que a clínica de olhos recém-inaugurada na unidade de Saúde envolveria uma terceirização milionária com um político oftalmologista conhecido na cidade por trás da empresa supostamente contratada, segundo informações que teriam sido levadas ao conhecimento de integrantes da Alerj, a contragosto de Tande.
“Nós vamos procurar ajuda da Comissão da Alerj porque o requerimento de informação das verbas públicas da Santa Casa foi reprovado a mando do prefeito. O que ele está tentando esconder, se esse dinheiro é recurso público?”, questiouno uma liderança de Resende.
Alçado ao poder com ajuda de obras eleitoreiras anunciadas em 2022 que estão paralisadas ou nem começaram em sua ampla maioria, Tande parece fingir que não é com ele a situação de empobrecimento, desemprego e escalada da violência em Resende nos últimos anos.
Bom dia Resende e prisão de Vandraga
Além dos R$ 100 milhões encobertos na Santa Casa, cuja caixa preta Tande parece fazer corpo mole em abrir, a dívida de R$ 314,7 milhões, as obras paralisadas e contratos supostamente superfaturados da prefeitura, Tande já estaria sentindo os efeitos do que pode ser considerado uma “amputação de um de seus principais braços de marketing digital”: o grupo do Facebook “Bom Dia Resende”, que possui 106 mil participantes.
O que aconteceu na segunda-feira, dia 22, em audiência realizada na Cadeia Pública de Volta Redonda, onde o juiz Marco Aurélio Adania converteu em prisão preventiva a detenção do influencer Rogério Silveira, o Rogério Vandraga, fundador e um dos administradores do Bom Dia Resende, canal em que os asseclas de Tande têm sinal verde para promover o político enquanto os opositores reportam sofrer forte censura..
Considerado um braço do marketing pessoal de Tande Vieira, Vandraga foi preso em flagrante na sexta-feira, dia 19, acusado de pedofilia cibernética. Na ocasião, os policiais descobriram fotos íntimas da enteada dele, uma menina de 10 anos, armazenadas no celular do acusado.
Porém, o que foi percebido no final de semana, logo depois que veio à tona a prisão de Vandraga, é que o Bom Dia Resende possui, pelo menos, mais um administrador, cuja identidade permanece encoberta. Isso porque as publicações no grupo sobre a prisão de Vandraga foram apagadas e, em seguida, o grupo foi pausado.
Antes da prisão, a Justiça Eleitoral havia determinado que Vandraga excluisse uma enquete fraudada por asseclas de Tande.