Resende: Falência da Fire Works estaria por trás do atraso do “Hospital do Câncer”

A Fire Works Engenharia, terceirizada contratada pela prefeitura de Resende por R$ 15,8 milhões pela reforma de um hospital no Jardim Jalisco, está à beira da falência. Segundo relatos ao Folha News, a terceirizada encontra-se inadimplente com diversos fornecedores e insolvente.

A informação desmente a versão oficial propalada nos últimos dias pelo prefeito Diogo Balieiro, de que a obra “se mostrou mais complexa que o esperado”.

De acordo com um fornecedor ouvido pela reportagem, a Fire Works começou a atrasar os pagamentos dele no final de 2023, até interromper de vez a quitação das notas fiscais em fevereiro desse ano.

“Já me devem R$ 94 mil e eu conheço outra empresa que tem R$ 23 mil na mão da Fire Works, mas são várias empresas sem receber. O hospital era pra ser entregue em abri e não foi por causa disso, não existe complexidade, a Fire Works está quebrada, essa é a verdade”, revelou o empresário que preferiu ter a identidade preservada.

Diogo já não engana ninguém

Tentando cacifar o ex-diretor da Santa Casa de Resende e pré-candidato a prefeito de itatiaia Kaio Márcio, Balieiro usou as redes sociais recentemente para tentar justificar o atraso da obra, que deveria ter sido entregue em abril e que já teria consumido mais de R$ 40 milhões em recursos públicos.

O prefeito não fala sobre quanto a Fire Works já recebeu pelos serviços, tampouco sobre a possível decadência financeira da empresa para tocar a obra até o final. Em vez disso, Diogo Balieiro disse que deveria ter sido concluída em abril, “se mostrou complexa” e que só o setor de cirurgia será liberado, em setembro.

O prefeito também não esclareceu quem vai bancar o funcionamento da unidade do câncer, visto que, na região do Médio Paraíba, a Unidade de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (Unacon) credenciada ao SUS para atendimento a pacientes com câncer é o Oncobarra, localizado em Barra Mansa, que ainda não confirmou os detalhes de um suposto convênio com a prefeitura de Resende para incorporação de um posto de atendimento no município.

O gargalo obscuro da Santa Casa

Segundo os bastidores da política local, a Santa Casa de Resende, cuja situação jurídica é indefinida na prática pela utilização de verba pública por uma instituição com CNPJ próprio, seria uma espécie de “mantenedora clandestina” da unidade do câncer. O que pode complicar as finanças da Santa Casa, que estaria endividada desde a passagem do último diretor, Kaio Márcio Paiva, que se mudou recentemente de Resende para Itatiaia para disputar a eleição desse ano.

A Santa Casa seria uma espécie de “galinha dos ovos de ouro” porque Kaio e o antecessor dele, Luiz Saldanha, gastaram estimados R$ 100 milhões de recursos públicos sem detalhamento no portal da transparência.

A Santa Casa também seria um “combustível” para as supostas ambições do deputado estadual e pré-candidato a prefeito Tande Vieira e o ex-prefeito José Rechuan pela “facilidade de usar verba pública” sem prestar conta no Portal da Transparência.

Há quem diga que a unidade de saúde é quase toda terceirizada a peso de ouro e com empresas ligadas a políticos do sul fluminense. Coincidência ou não, a interdição da Santa Casa foi idealizada por Rechuan e atualmente conta com a vista grossa de Tande pelo não acionamento da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), onde ele trabalha, para investigar os repasses milionários dos últimos anos, parcialmente gerenciados “às escuras” por Kaio Paiva.