Após fraude em licitação, Resende comemora 223 anos sem Exapicor e com dívida elevada para R$ 322,9 milhões

Administração de Diogo Balieiro usa eleição como desculpa para não realização da festa, que pode nem acontecer em outubro, enquanto a cidade sofre com desemprego, pobreza, violência e o maior rombo de sua história

Resende comemora 223 anos neste domingo, 29, quase sem motivos para comemorar. Isso porque, até o fechamento dessa edição, a licitação da festa da cidade, a Exapicor 2024, encontrava-se pendente de análise do Ministério Público de Contas, sem data para chegar ao colegiado do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro, TCERJ. Além disso, o último boletim oficial da prefeitura informa que a dívida corrente líquida da cidade acaba de superar R$ 322,9 milhões, R$ 8,2 milhões a mais que o balanço divulgado há algumas semanas pelo governo do prefeito Diogo Balieiro, responsável pelo maior rombo financeiro da história de Resende.

Nas redes sociais, o empresário Markus Simão, dono da MVS Produções, alega que a Exapicor acontecerá em outubro. Porém, o site oficial do TCERJ indica que o processo envolvendo a licitação da festa se encontra desde o dia 5 de setembro no gabinete do Procurador Geral, sem data para chegar ao plenário do TCERJ. Um imbróglio que começou em agosto, quando o Conselheiro Márcio Pacheco acolheu uma impugnação e suspendeu a Exapicor 2024 por entender que o governo de Diogo direcionou o edital para a vitória de Simão. Recentemente, o empresário foi denunciado ao Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, MPRJ, por receber R$ 250 mil sem licitação do governo do prefeito de Itatiaia, Irineu Coelho, entre outras denúncias por supostamente chefiar um cartel de comercialização de festas realizadas por prefeituras da região.

Para se ter uma ideia do rombo financeiro nos cofres de Resende, em outubro do ano passado a dívida do município girava em torno de R$ 311 milhões. Na ocasião, os vereadores da base do prefeito aprovaram um empréstimo de R$ 25 milhões, entre diversos outros pedidos de empréstimo bancário feitos pelo prefeito. Em julho, Resende já alcançava um endividamente de R$ 314,7 milhões com a cidade atolada em desemprego, proliferação de bolsões de pobreza e violência.

Obscuridão na Santa Casa e superfaturamento

O endividamento do município coincide com o que se apresenta como um festival de terceirizações de equipamentos e serviços na área da saúde. O que também esvolve R$ 100 milhões em repasses à Santa Casa ocultos do Portal da Transparência e encobertos no final de 2023 por uma determinação atribuída a Balieiro, que teria orientado os vereadores de sua base a reprovar um requerimento do vereador Thiago Forastieri para lançar luz sobre essas verbas. O que também é objeto de uma denúncia feita MP.

Esses R$ 100 milhões incluem o gerenciamento encoberto de verbas públicas pelo ex-diretor da Santa Casa Kaio Márcio, candidato a prefeito de Itatiaia e alvo de denuncias recentes feitas por deputados estaduais, que prometeram convocar o ex-diretor da unidade de saúde por suposto desvio de verbas públicas.

O maior rombo da história, além do cheiro de enxofre escondido nos repasses à Santa Casa, também coincide com algumas contratação que andam fazendo torcer o nariz dos observadores mais atentos.
Um deles o da empresa de informática Custom, alvo de denúncia de propina em Itatiaia e detentora de um contrato com sobrepreço de 10.000% em relação à serviços semelhantes contratados por outras prefeituras.

Estagnação econômica

Dados de um relatório recente divulgado pelo Sebrae-RJ com base em dados oficiais da Receita Federal e Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) apontam que o número de novas empresas ativas em Resende caiu a níveis de 2014. Esse encolhimento atinge em até 85% alguns setores da cidade do sul fluminense. Entre eles os setores de alimentação com uma queda de 76,1%, comércio varejista com baixa de 71,6%, atividades jurídica, de contabilidade e auditoria com diminuição de 85,7%, serviços de escritório e de apoio administrativo com queda de 52,8%, construção com retardamento de 73,1% e outras atividades de serviços pessoais com diminuição de 74,3%.

Para se ter uma ideia da estagnação econômica de Resende nos últimos anos, dados divulgados no final de fevereiro pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelaram que a cidade do sul fluminense possui cerca de 43,5 mil empregos formais, 32,9% de uma população de 129,6 mil pessoas apuradas em 2021. Ano em que a pesquisa identificou 32,4% de pessoas vivendo com meio salário mínimo, ou menos, por mês. Essa maioria engloba desempregados, população em situação de pobreza e os que ainda não estão no mercado de trabalho, entre outras categorias.

Resende vive de migalhas

Há quase oito anos no poder, o prefeito da cidade do sul fluminense, pelo que apontam os números e a pirotecnia do político nas redes sociais, pouco fez para o crescimento econômico e desenvolvimento das pessoas. Em contrapartida, Diogo Balieiro criou uma espécie de pedintes de pequenos aos passo que se promove nas redes sociais tirando proveito político em cima da população fragilizada, em boa parte por causa da falta de uma política desenvolvimentista do governo dele.

Porém, apesar de tirar proveito com a distribuição de migalhas aos empobrecidos cidadão de Resende, Balieiro já começa a desagradas boa parcela da população, orfã da desenvolvimento econômico, humano e social. O que é percebido pela alta da taxa de desemprego, mas que também é visível na escalada da violência em Resende nos últimos anos, testemunhada quase todas as semanas por assassinatos de jovens cooptados pelo tráfico.

Dados do Instituto de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro (ISP) apontaram que entre janeiro de 2022 e maio de 2023 o índice de letalidade violenta em Resende aumentou 58,8%. Esse percentual ajuda a explicar por que o município do sul fluminense foi um destaque negativo no Anuário Brasileiro de Segurança Publica 2023, levantamento que apontou que o município tem a maior taxa de mortes violentas intencionais da região: 39,8 por 100 mil habitantes enquanto a média nacional é de 22,3 por grupo de 100 mil.

Para muitos, as promessas feitas pelo candidato do prefeito, Tande Vieira, são a recauchutagem de tudo que Balieiro prometeu e não cumpriu.